sapo cocrante

/paulo bicarato

Imagens, lembranças, sensações se mesclam enquanto ainda tento absorver a notícia de que o DPádua partiu pra batucar o maracatu do Seu Estrelo em outras paragens. Ficamos sem a companhia -- física -- de um grande amigo imaginante, pirata nômade, espírito compartilhante e livre. Posso assegurar que, muito mais do que um ativista, era um praticante apaixonado da filosofia open source, de compartilhamento do conhecimento. E, sim, como o próprio diria, era um cara *buuunito, e cocrante*. Deixo o relato do outro Daniel, o Duende, que exprime da melhor maneira o que eu poderia dizer nesse momento.

Daniel Padua, o narigão, o sapão, o anatólio, o imaginante, o sátiro pulapulante, o barbudo, o meu melhor amigo, meu irmão nesta vida, e discretamente um de meus heróis...

É tão difícil falar neste momento. É difícil, não só pelo sentimento vazio da partida. É difícil porque meu querido amigo sabia muito bem como gostava que falassem dele. E eu tenho certeza de que ele iria ficar uma arara comigo se eu fizesse um testemunho sofrido, circunspecto e triste. Então, com todo o meu profundo respeito pela minha dor e pela dor de todos os meus amigos... amigos queridos dele também... eu vou me limitar a dizer umas poucas frases do jeito que ele gostava.

Meu amigo sempre gostou de dizer que era ficção para nossos sentidos. Eu sempre impliquei com a palavra ficção na frase dele. Sempre achei que a gente precisava de uma palavra muito maior para descrever o que éramos um para o outro, uns para os outros, todos nós do bando. E um dia nós achamos esta palavra. Nós somos mitos para/nas narrativas-vida uns dos outros.

DPadua era, além de tudo mais que eu já disse no início deste desajeitado email, um de meus mitos maiores. Sua existência alterava meu universo imaginário... o de todos nós... de uma maneira por vezes difícil de medir ou explicar. Ele simplesmente transformou tudo aquilo que tocou. De barba em riste e sorriso grande aberto, meu amigo DPadua mudou todas as nossas vidas e todas as nossas histórias: para alguns de seu jeitinho discreto, de mineirinho de Vila Velha, para outros trazendo mudanças gigantescas e inexprimíveis.

DPadua é hoje parte de todos nós. E me aconchega o coração saber que hoje ele descansa, livre das dores da convalescência e do aperto no peito de sentir a inevitável dor de seus amados. Descansa, e repousa dentro de todos nós -- nós que nos tornamos todos um pouquinho DPadua depois que ele passou por nossas vidas. Em nós, ele vive enquanto vivermos. E espero que o DPadua dentro de todos vocês possa novamente cantar e dançar em breve.

Eu posso dizer que eu conheci o cara. E se posso dizer mais uma coisinha, digo esta:

Se querem homenagear o cara, festejem a vida que ele trouxe. Não se concentrem em sua partida. Como nômade que era, DPadua cedo ou tarde sempre partia em busca de novas viagens. Longa vida à vida IMAGINANTE e AMOROSA que ele nos trouxe.

E até mais, meu amigo.

A gente se vê nas ilhas imaginárias.

"tecnologia é mato, o importante são as pessoas" – Daniel Pádua

DPádua_borboleta

Como diria o Rosa, *as pessoas não morrem, ficam encantadas*. O Sapolino se encantou.