Uns relatos soltos

Elly Guevara

(N. do E.: não tenho registro exato da data desses textos, mas a Elly colaborou bastante com a MetaReciclagem entre fins de 2003 e 2006).

Oficina de Colaboração Metareciclagem

Elly Guevara - http://rede.metareciclagem.org/wiki/ForumMundialEducacao

O Fórum Mundial de Educação de 2004, que aconteceu em São Paulo, contou com uma atividade de formação do Metareciclagem no espaço "Casa Macunaíma" com a MetacolaboraçãoLowTech, com Elly Chagas, e o apoio de Elo Manesco e de Stela Pesso.

Quarta-feira, 30 de março. Ligo para Felipe Fonseca não me lembro exatamente o porquê, mas ao longo da conversa ele me convida a participar da oficina de colaboração do metareciclagem no sábado, na Casa Macunaíma, dentro do FME. Aceito. Preciso agir como metarecicleira. Existe esta ansiedade.

Felipe, doente, avisa que não pode comparecer. Me passa a bola e eu vou até onde estavam as preciosas informações sobre a oficina que ff tinha pensado e realizado em Itapeva junto com o maratimba. O material recebemos não coincidia exatamente com a idéia. Mas é claro que inovar e aproveitar o que existia não foi problema. Anotei o necessário. Dalton convidou Elo Manesco e eu convidei Stela Pesso. As três chegaram na escola com 20 minutos de atraso. As pessoas tinham sumido! A Daniela da Casa Macunaíma foi em busca dos interessados que com nossa ausância temporária já eram desinteressados. Alguns minutos e adentram a sala que organizamos às pressas 6 pessoas. Como o público não é o mesmo que o previsto, falamos mais uma vez sobre o projeto metareciclagem.

Iniciamos com uma vivência de partilha de informações bem legal. Ao final, havia a percepção de que todos tinham sido tocados pela experiência, mas falar sobre, como ao longo de toda a oficina foi mais difícil.

No lugar de um caderno, oferecemos bloquinhos de papel kraft. Dificilmente estes bloquinhos existiriam sem Elo e Stela, que deram uma tremenda força cortando e grampeando enquanto eu tagarelava. Se falar era difícil, escrever, desenhar e pintar não foi. Enfim, eles tinham a urgente necessidade de se expressar. E, assim foi fácil demais introduzir os outros elementos como o “mural de debates”, onde surgiram um livro criado ali, durante a oficina, e emendas de comments. Apesar de estarmos ali entre comunicadores comunitários, o 'mural de notícias' também não rolou tão fácil. Na conversa que tivemos acerca disto pareceu que as pessoas ali ainda não se viam como produtores de notícias.

Ser um moderador também pareceu ser difícil. Apesar de alguns já terem escolhidos notícias ao colocar a sua na shoebox, em determinado momento pude ver um monte de notícias esquecidas na ferramenta de moderação. Tive uma nova conversa sobre a idéia e aí sim eles compreenderam que poderiam escolher notícias para o mural. Antes da partida conversamos um pouco sobre os murais...sobre as possibilidades de uso daqueles textos e imagens. Alguns comentários sobre o liganóis. Ao final eu e Elo ainda falamos a uma das comunicadoras da casa sobre os projetos do metareciclagem.

Um olhar sobre a cidade educadora

(Texto de construção colaborativa. Colaboraram: Elly Chagas, Daniel Pádua, Hernani Dimantas e Dalton Martins)

O que seria uma cidade educadora? A USP, uma "cidade educadora" dentro da cidade de verdade? Ou tudo na cidade pode oferecer possibilidades educativas? Quais seriam estas possibilidades? Como transformar a cidade num espaço compartilhado de conhecimento para todas as pessoas que moram nela?"

A cidade educadora precisa buscar uma maior ligação entre pessoas, projetos, comunidades e sociedades. Essas ligações apoiariam umas às outras num mutirão de colaboração.

O engajamento de pessoas, como o meu e o teu, é a estrutura de uma cidade educadora, uma estrutura de rede. Então, a cidade educadora deve catalisar suas redes propiciando o desenvolvimento destas num aprendizado transversal, numa dinâmica de socialização de informação bastante descentralizada e acessível às pessoas que moram numa cidade, onde as pessoas socializem informações de forma contextualizada (relacionada às ações das pessoas), para que ela se transforme em conhecimento.

A cidade educadora seria então uma cidade de construtores de conhecimento. As àreas do conhecimento humano deixariam então de ser tão fragmentadas para serem aprofundadas por quem as constrói. Um exemplo: Saúde trata do corpo. Agricultura nutre o corpo. Existe uma conexão entre estes conhecimentos que não é inter-relacionada de forma dinâmica no cotidiano. Daí as pessoas criaram a área de Nutrição, que é a interface entre produção de alimentos e saúde. Quanto tempo foi gasto pra que essa conexão óbvia acontecesse em termos de estruturas de construção de conhecimento?

É preciso repensar a construção de conhecimento de forma que as informações geradas mantenham-se conectadas e acessíveis de forma dinâmica. Ao invés de partir da teoria (que é fragmentada), precisamos gerar a teoria (numa estrutura de inter-relacionamento dinâmico) a partir dos desafios práticos da vida. Uma cidade educadora aproveita melhor seu tempo. Se alguém aprende a fazer algo, de maneira mais simples, essa informação tem de circular da maneira mais dinâmica possível.

E as escolas nesta cidade? Seriam núcleos de observação, descentralização e catalisação. A escola ajuda as redes, mapeia as ações nas pontas dessas redes e auxilia na socialização entre as várias redes. Como? "Conspirando" por espaços de pesquisas aplicadas, eventos, conversas, debates, entre outros, a partir das pontas das redes.

O resultado foi muito interessante. Entre mapas e debates, a cidade educadora foi pensada e repensada, dando um valor prático à presença da comunidade no fórum.

Oficina Metareciclarte no Capão

Elly Guevara - http://rede.metareciclagem.org/wiki/ChicoMendes

Foi um lance meio mágico, com a participação de toda a comunidade. Nunca tinha acompanhado o processo de implantação de um laboratório metarecicleiro por inteiro e me impressionou o trabalho incessante dos metarecicleiros (Dalton, Feju, Eric e Glauco), que trabalharam das 14 às 20h30, sem parar, abastecidos apenas com um lanchinho, mas com muita garra. A comunidade Chico Mendes também, contamos com a participação do Beto, da Joyce, da Ligia, do PC e dos outros cujos nomes me escaparam, mas a alegria no rosto não. Esta integração foi fundamental para que o trabalho nos mostrasse sua real importância. O Beto é um grafiteiro da região que estava muito a fim de aprender mais sobre misturas de cores. E, ao final se mostrou muito satisfeito.

A sexta-feira de inauguração também mostrou mais uma vez a força que o trabalho atinge quando há a participação de todos, sem restrições. Lab metarecicleiro de técnica e arte. Alegria total na abertura. No início da semana seguinte, logo cedo, a notícia. Levaram os micros. Levaram ainda mais tudo o que não dá prá explicar com palavras de nós e da comunidade. O material foi levado, roubado. Mas, não o principal. A força, o trabalho, a colaboração ainda está na gente. Gente metarecicleira e toda a gente que parafraseando é outra alegria lá na comunidade Chico Mendes.Estamos de pé!

Telecentros Comunicadores

Elly Guevara - http://rede.metareciclagem.org/wiki/OficinaTelecentrosComunicadores

Três dias de evento numa parceria entre Prefeitura de São Paulo, Sampa.org e Fundação Friedrich Hebert (FES- Ildes), as oficinas atenderam monitores, estagiários e usuários de telecentros de todas as regiões de São Paulo. Nossa intervenção pirata ficou por conta da "metodologia" (odeio este nome, mas não penso em nada diferente agora) "Metacolaboração low tech" que gerou conteúdos para o site do evento.