* colaboração especial de 人間 para o MutGamb. Para ler ouvindo isso.
O caso Pinheirinho tem levantado acalorados debates e questionamentos tanto nas redes dita sociais - isto é, nas formas de comunicação e expressão pela internet - quanto nos grupos e movimentos sociais
funcionando em rede. Talvez o maior questionamento seja: Como deixamos aquilo acontecer?
E a pergunta deve ser dirigida para todos, como elegemos e permitimos governos que trocam o diálogo pela truculência? Pinheirinho resume quase 600 anos de história dentro de um paradoxo que ainda vivemos. Como nós, cafuzos e caboclos, temos que lutar e defender com nossa própria vida o território que por direito natural é nosso? Como ainda temos que lutar pela terra que foi adubada com o sangue da escravidão e a morte dos nossos ancestrais? Como deixamos que uma forma jurídica republicana se transformasse numa forma jurídica de poucos privilegiados que ascenderam aos dispositivos de poder?
Pinheirinho é nosso fogo simbólico, é nossa vontade de ter um lugar digno para viver. O bairro nasceu de baixo para cima, da terra transformada em tijolos, mutirões, areia e na vontade de construir juntos. De compartilhar, nem que seja o sofrimento. De fazer valer o traço cultural que nos transforma em filhos legítimos desse território, a luta com armas feitas de sonhos e gambiarras contra um passado oligárquico, branco, cristão, explorador e exibidor de privilégios de títulos forjados no compadrio, no coronelismo e na violência de seus jagunços.leia mais >>