Somos...

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* colaboração especial de 人間 para o MutGamb. Para ler ouvindo isso.

O caso Pinheirinho tem levantado acalorados debates e questionamentos tanto nas redes dita sociais - isto é, nas formas de comunicação e expressão pela internet - quanto nos grupos e movimentos sociais
funcionando em rede. Talvez o maior questionamento seja: Como deixamos aquilo acontecer?

E a pergunta deve ser dirigida para todos, como elegemos e permitimos governos que trocam o diálogo pela truculência? Pinheirinho resume quase 600 anos de história dentro de um paradoxo que ainda vivemos. Como nós, cafuzos e caboclos, temos que lutar e defender com nossa própria vida o território que por direito natural é nosso? Como ainda temos que lutar pela terra que foi adubada com o sangue da escravidão e a morte dos nossos ancestrais? Como deixamos que uma forma jurídica republicana se transformasse numa forma jurídica de poucos privilegiados que ascenderam aos dispositivos de poder?
Pinheirinho é nosso fogo simbólico, é nossa vontade de ter um lugar digno para viver. O bairro nasceu de baixo para cima, da terra transformada em tijolos, mutirões, areia e na vontade de construir juntos. De compartilhar, nem que seja o sofrimento. De fazer valer o traço cultural que nos transforma em filhos legítimos desse território, a luta com armas feitas de sonhos e gambiarras contra um passado oligárquico, branco, cristão, explorador e exibidor de privilégios de títulos forjados no compadrio, no coronelismo e na violência de seus jagunços.

Quando ensinaremos nas escolas que nossa proclamação da república aconteceu pela importação de um ideal maçon, o qual foi a base de uma revolução em outro continente que quis trocar um poder soberano baseado numa farsa por outro poder tão farsante e sangrento quanto o anterior. O que faziam negros, índios e orientais quando tal revolução aconteceu? A "liberdade" que veio depois seria para aqueles que beijassem a sola do sapato dos novos governos, "igualdade" seria a condição socioeconomica que se forjaria na exploração do trabalho do outro. E a prometida "fraternidade" seria possível desde que você compartilhasse da crença do poder dominante. Não, obrigado, não é nem meu passado e nem a minha história.

Estamos fartos da hipocrisia secular do velho, muito velho, mundo!

Basta de dispositivos de controle na base do medo e da violência, suportados por uma estrutura jurídica arcaica mantenedora de privilégios para poucos! Que espécie de deslumbramento nos fez dormir
num pesadelo que se mantém a séculos e que, quando as condições sociais nos faz ver novamente a liberdade de sermos nós mesmos e dignos de uma cultura rica em conviver e respeitar a Mãe Terra. O
neoconservadorismo cristão patriarcal, travestido de arcabouço jurídico, tenta nos calar e se colocar como única possibilidade. Foi esse mesmo pensamento que transformou todos os ritos, rituais e
sabedoria de muitos deuses e muitos pajés diversos e fortes de um tempo anterior em um deus único. Um deus que ou abençoa e mata, ou mata e depois abençoa. Queremos que todas as forças e deuses da natureza se levantem novamente e falem!

Não queremos que a propriedade seja a espada de um deus único para o qual todos devam curvar a sua
espinha até chegar ao chão. Nunca foi tão real a frase: "Aquele que puser as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo!"

Não, não nos submeteremos! Somos legião e somos aldeia, caminhamos e caminharemos com a Mãe Terra. Terra não é mercadoria, não acredite nessa ficção que agora mostra a sua verdadeira face e suas garras que exaurem a força e a beleza da Terra de reproduzir a vida. Somos a terra, somos os rios e os ventos, somos a Fúria.

Veja o relatório preliminar sobre o Pinheirinho, que deve ser um dos que serão enviados aos tribunais internacionais, com todo o histórico da violência cometida.


...todos Pinheirinhos.