Quem ensina quem?

Marcos Rufino abriu uma thread para dialogar sobre as terminologias dadas ao nome daquelx que passa conhecimento (seja x mestrx, orientadorx, educadorx, facilitadrx) compartilhando a experiência que teve com seu filho:

 

Articulava com meu filho, Mizael, 14 anos, a possibilidade dele atuar comigo em um espaço aqui perto, que quer montar um telecentro mais ainda tem algumas dificuldades estruturais. Como eles têm uns PC's que não rodam mais, daria para fazer um oficina de manutenção preventiva. Foi quando minha esposa, Carmem, perguntou se Mizael teria condições de ser professor? Logo tentei fazê-la entender o que nome representa, e que o processo de aprendizagem é construído, co-participativo. E aí: Mestre, Professor, Orientador, Educador, ou Facilitador?

 

Marcelo Braz:

Aprendiz. Tenha a coragem de quebrar os sistemas de representação, não há autodidatismo como muitos acreditam. Não há mudança se ela não for compartilhada. Não há liberdade se as palavras e os corpos não puderem dançar juntos.

Orlando

Dá pra ver muitas situações nisso aí e não da para simplificar, acho. Gosto também do Aprendiz, já uso tem um tempão, mas tem a questão da legitimidade e dos públicos. Em alguns lugares serei pesquisador, em outros articulador, em outros oficineiro, em outros curioso, em outros, que podem ser os mesmos, outros nomes. O nome sempre pode e deve mudar, acho. O que se está fazendo nunca o é algo certo, exato, imediatamente compreensível nomear. Definitivamente, limita.

José Neto

Aprendiz é otimo, é algo que nos coloca a lado de quem esta iniciando essa jornada que nunca acaba. Acho que mestre soa com um pouco de arrogância, conheci poucos que se auto-entitulavam mestres e realmente eram. Acho que mestre e um título que se recebe. Professor tem a haver com a capacidade de passar o conhecimento, de diminuir os obstáculos. Mas como citado anteriormente colocar um nome restringe muito.

Pro. Thiago

"Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam-se entre si, mediatizados pelo mundo." Paulo Freire, (esse é mestre!)

Dalton

Questão boa, Marcos. Também acho que o nome é uma questão de momento e circunstância, sendo que pode se adaptar quando o desejo é mais se comunicar do que defender propriamente uma única visão.Mas, na tua reflexão, o que me chamou atenção é uma questão de postura, que é o que acho que define o que de fato rola na relação. Aprender e ensinar, de onde vejo por aqui, é menos uma questão de lugar e mais uma questão de querer estar junto e compartilhar modos de olhar para as coisas. E estar junto, de fato, é o mais difícil. Porque a gente abre mão da própria viagem e torna a viagem o que se pode fazer junto. Baita desafio, questão de reflexão contínua e diária.