Na semana passada circulou entre as listas Metareciclagem, Estúdio Livre e Submidialogia um debate importante sobre as estruturas livres e distribuídas das redes, de redes sociais a ondas livres.
Fabs citou o n-1 que sugere um modelo livre e autogestionado para redes sociais. "Un dispositivo tecnopolítico sin ánimo de lucro que pretende ampliar nuestras posibilidades de crear y difundir contenidos usando herramientas libres, desarrolladas y autogestionadas desde una ética horizontal y antagonista para la base y desde la base". E, também comentou:
O n-1 podia ter a interface igual a do feice que não atrairia muito mais gente. O que dá certo no parquinho online do Zuckberg é seu modelo de "negócio". O n-1 jamais se prestaria a ser um negócio, pelo menos até onde conheço a galera ali. Não centralizariam infos, não teriam planos para que empresas pudessem ter propagandas dentro dele, não teriam planos de promoção de página, tampouco fabricariam relações para promover um determinado produto. E justamente por causa de todo esse negócio envolvido, não teriam seu ícone de conexão grudado em tudo quanto é lugar justamente porque quem paga quer ver retorno.
Rafael Reinehr comentou sobre sua experiência quando usou o Elgg (plataforma na qual o N-1 está baseada) em 2010:
Ele estava cheio de pequenos bugs e, por impaciência, acabamos desistindo dela. Muitos deles foram resolvidos mas, parece um contrasenso dizer isso, mas o espírito "libertário open source" ainda está flanando no N-1. Quer queiramos ou não, da forma que é organizado, o N-1 e outras redes autogeridas sem mecanismos claros de tomada de decisão, sem prazos estabelecidos para start de atitudes acabam por ter um processo lento de evolução. Talvez a criação de uma "Base de Unidade" ou um "Termo de Acordo" em relação as condutas poderiam deixar as pessoas mais livres em experimentar e fazer evoluir a bagaça toda.
Thiago Novaes ampliou a conversa sinalizando a necessidade de mudanças estruturais:
Não sou contra diáspora, n-1 ou qualquer desenvolvimento de alternativas de comunicação "mais autônomas" na Internet. Porém, não temos satélites, nem provedores, nem fibras... logo, nossa comunicação pela internet NÃO É TECNOLOGICAMENTE AUTÔNOMA. Minha crítica não está sobre o desenvolvimento dessas alternativas, mas do esquecimento de nossa capacidade de construção técnica de autonomia, as tais infraestruturas autônomas: construa seu transmissor de rádio e use a ionosfera para propagar o seu sinal. Tudo começa com a defesa do Digital Right Management (DRM). Como não temos satélites, fibras ou provedores, a ideia de uma comunicação autônoma perpassa hoje, em nosso entendimento, a busca de AUTONOMIA, e o único padrão que atende às ondas médias e baixa-potência é o DRM. É isso: DRM como padrão de rádio digital. O Brasil está pra escolher seu padrão tecnológico que irá compor o sistema de rádio digital brasuca. Estão na mesa dois sistemas: o Rádio Digital Mundial europeu e o HD rádio norte-americano. É assustador que os movimentos da comunicação no Brasil estejam se omitindo nesse debate, sendo extremamente ameaçadora a adoção do HD rádio, que significaria acabar com o AM, não otimizar o uso do espectro e manter os radiodifusores onde estão, no monopólio, além de excluir as radcom do dial, pois não poderiam comprar os equipo. O que podemos fazer de efetivo para não sermos omissos? O que podemos fazer de efetivo para ajudar a dar força à escolha do Rádio Digital Mundial europeu?
Novaes postou esse PDF que detalha melhor o contexto que também pode ser acessado aqui.
Glerm, também "engrossou o caldo":
Não sei se todo mundo entendeu ainda, mas tudo é rádio no final das contas - tv, internet, telégrafo, etc. A coisa é que a rádio digital tendo um protocolo aberto e bem documentado (Digital Radio Mondiale) da pra inventar outras nets paralelas, tv digital, e qualquer nova mídia digital. O lance é pensar essa autonomia física aberta, aí software livre e código aberto é consequencia e escolha natural... É importante pensar isso que o Thiago pontuou aqui - a tal "autonomia digital" nunca ouve na realidade strictu sensu da situação!
No meio desse debate, Lelex comentou sobre outro tipo de estrutura: a de pessoas que organizam eventos, que muitas vezes pregam igualdade e liberdade, mas fazem diferente:
Estão praticando uma coação contra todos os miseráveis que precisam receber a última parcela dos recursos das atividades do Fórum Social Temático. Em combinação com Fora do Eixo decidiram descontar de todos os movimentos 5% de cada para pagar ECAD para Macaco Bong, Mano Brown e demais atrações que receberam 100% de seus cachês mesmo antes do FST começar. Se a pessoa humilde, como representante pontos de cultura, por exemplo, não aceitar, não recebe.
Talvez para um mundo menos exploratório a gente deva seguir a ideia que Tiago Pimentel e mudar infra-estruturas centrais: O dinheiro grátis.