O MutGamb - Mutirão da Gambiarra - é um coletivo editorial nascido na rede MetaReciclagem que articula publicações colaborativas sobre temas como apropriação criativa de tecnologias, cultura digital experimental e redes colaborativas.
Realidades e Pessoas, por Isaac
Continuamos, mapeando gostos, saberes, sonhos e práticas. Trazendo a visão de que o computador não é um fim, mas um meio de conseguirmos ampliar o que queremos. Falamos também sobre consumo, obsolescência e desconstrução de tecnologia.
Esse é um dos trechos publicados Isaac, no post em que compartilhou as vivências da Oficina de Sensibilização e Experimentação em Itamaracá, que aconteceu entre os dias 22 a 26 de outubro de 2012.
E, mostrando a realidade desensível, que objetiva puramente o lucro, Isaac linkou o vídeo Domínio Público que aborda a relação investimentos X Copa do Mundo:
Está muito claro para nós, que grande parte desse dinheiro (para financiar a Copa do Mundo) sairá dos cofres públicos e servirá para enriquecer um grupo muito restrito de empreiteiros, políticos, bancos e empresários envolvidos com esses megaeventos. E o pior de tudo: várias comunidades estão sendo removidas, ilegalmente, das áreas de forte interesse imobiliário para periferias distantes, sem nenhuma infraestrutura e dominadas por milícias fortemente armadas e extremamente violentas.
des_generosas
Gleber Gouvêa compartilhou o texto de Cristovam Buarque, Generosidades Invertidas:
Nossa generosidade chega ao cúmulo ao gastarmos muitos bilhões de reais para fazer no Brasil as Copas e as Olimpíadas, que nossos pobres vão assistir pela televisão, e não adotamos o compromisso de investir os Royalties do petróleo na educação de nossas futuras gerações. Somos um país coerente, com cinco séculos de generosidade seletiva invertida, ou pervertida.
Cacau Freire replicou:
Acho que há nesse País uma guerra civil não declarada, que acontece quando a polícia invade a favela, e descobre que seus maiores consumidores são a classe dominante. No Brasil, o preconceito é de classe, sem dúvida.
Nossa moral de criança criada com "todinho" faz a gente perder a noção do que é certo e do que é errado, desconcertante mesmo. A solidariedade sem moral. Tira o centro e expõe as tensões. Não é fácil assistir, uma guerra sem fim, nem solução. Pura realidade.Assim como a classe média paulistana, e os valores, a hipocrisia, o autoritarismo e a ação da mídia...
Heranças simbólicas para antes que o mundo acabe
Novembro, 2012.
É aberta a chamada para colaborações, antes que o mundo acabe.
Mi$tici$mo$ ressucitam culturas ancestrais para evocar a crença no fim do mundo. Contagem regressiva para o apocalipse da Terra agonizante. A dominação humana sobre a natureza e as máquinas chegará enfim ao um destino distópico? Quantos mundos cabem no mundo? Quantos inícios comportam um fim? Quais relógios medirão os novos aions?
Em uma thread sobre "MetaReciclagem como rede autorganizada", Lelex comentou algo, que talvez explique o desatino de muitxs que observam a rede sem participar:
Talvez pudéssemos apontar para uma possibilidade: o reconhecimento de uma herança simbólica que permite o trânsito pelas identificações, tendo como referência a linguagem e os recursos que ela nos oferece.
Falando em heranças de um passado recente, Bicarato e Marcelo Braz trouxeram tecnobjetos simbólicos...
E Sília compartilhou os relatos do último encontrinho que aconteceu em Brasília:
Aprendi novos rituais de energização e ouvi um susurro no meu ouvido sobre a importância de estar atenta aos sinais, afinal “eles estão aí o tempo todo, na nossa frente”.
Mulheres, corpos, rituais
Fabs trouxe à lista a referência do HiperMulheres: trata-se de um filme feito por cineastas indígenas que relata o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu.
E, também compartilhou uma resenha do filme:
(...)Corpo transformado e transfigurado das mulheres heroínas: com colares coloridos, tornozeleira ritmadas, e pinturas sobre rostos, coxas, barrigas. Na recriação do mito original como ritual, não é mais preciso buscar os superpoderes aumentando o clitóris com a mordida de formigas. Em uma fila interminável de mulheres de diversas idades cantando e dançando, a tranformação se atualiza como pura potência dos corpos. Assim, a hiperforça dessas mulheres pode ser assinalada em suas posturas corporais, demonstradas em seu modo de navegação pela tribo e arredores, na assertividade sexual, e no bom humor envolvendo questões muito mal trabalhadas entre nós, os tais brancos. No episódio em que as mulheres se lançam sobre os homens, que dormem plácidos em suas redes, ou na contação do mito fundador do Jamurikumalu em que alguns homens se esquivam dos detalhes mais quentes: às hiper mulheres nada escapa; tudo é naturalizado: elas não gostam de pênis pequeno e dizem isso sem pudor.