MetaReciclagem: Reapropriação da Tecnologia para Fins de Transformação Social

Por Miguel Caetano. Originalmente parte de “Tecnologias da Resistência”, tese de mestrado que pode ser baixada em http://pub.descentro.org/backgroundresearch

Somos low tech por posicionamento.
Somos low tech por ideologia
Somos low tech por posicionamento político
Somos low tech porque temos fome
Somos low tech porque criamos cubos mágicos em espaços abstractos
Somos low tech porque esporificamos verborragias
Sejamos ousados.
Pensemos, a cada minuto, a quem servimos.
- Dalton Martins, “Low Tech”

A reciclagem de computadores surgiu pela primeira vez no Metáfora numa mensagem de Daniel Pádua enviada para a lista a 3 de Julho de 200244. a propósito de uma discussão anterior sobre redes comunitárias sem fios. Na sua opinião, a resposta para a criação de uma rede completamente livre e descentralizada entre pares (P2P), que passasse completamente ao lado dos media comerciais e dos fornecedores de acesso à Internet tinha que começar numa infra-estrutura física de conectividade que aproximasse a tecnologia das comunidades periféricas. Como solução, Pádua sugeria a criação de um protótipo de uma rede local sem fios usando placas WiFi em segunda mão, antenas repetidoras feitas com latas de batatas Pringles e computadores reciclados correndo Linux que poderiam ser obtidos em armazéns de equipamento usado, funcionando como pontos de acesso a essa rede em escolas públicas e associações comunitárias.

A única entidade que na altura se dedicava à reciclagem de computadores com objectivos sociais era o Comité para a Democratização da Informática (CDI)45. Contudo, essa ONG apenas utilizava na altura software proprietário como o Windows, para além de ser patrocionada pela Microsoft46. Dado o interesse do Metáfora em criar instrumentos de inteligência colectiva, o recurso a tecnologias open-source e mesmo livres era considerado prioritário. Alguns elementos do grupo, como Daniel Pádua, justificavam essa posição argumentando que a inteligência colectiva se baseia em fluxos livres de informação, ao passo que as soluções proprietárias controlam a informação47. Poucos dias depois, a 16 de Julho, Dalton Martins – que viria a assumir a coordenação do MetaReciclagem - entrava na lista e sugeria que se tentasse solicitar doações de computadores48.

Depois de uma tentativa falhada de receber doações de uma ONG norte-americana especializada na reciclagem de computadores49, no final de 2002 Felipe Fonseca conseguiu obter uma parceria com o Agente Cidadão50, uma ONG de São Paulo criada por Ike Moraes e Adilson Tavares que transporta material doado, encaminhando-o para projectos e instituições sociais. Inicialmente com o nome de Roupa Velha, esta entidade começou por recolher apenas roupa, tendo mais tarde ampliado a sua actividade de “logística da cidadania” para mobílias, colchões e todo o tipo de objectos domésticos51. Na altura, Moraes e Tavares disseram a Fonseca que tinham recebido dois computadores mas que não sabiam o que fazer com eles. A partir de Janeiro de 2003, o Metáfora/MetaReciclagem passou assim a ocupar um espaço num armazém onde o Agente Cidadão tinha o seu depósito, num centro comercial na zona noroeste de São Paulo. Dalton Martins assumiria a responsabilidade técnica do laboratório de media instalado no “galpão”, onde as máquinas que iam chegando eram triadas e reequipadas, passando a funcionar com Linux52. Os equipamentos que não podiam ser aproveitados eram vendidos ou trocados por outros componentes nos “cemitérios” de peças de computador da Rua de Santa Efigénia, uma artéria de São Paulo famosa pelas suas lojas e camelôs de produtos electrónicos. O material de plástico e ferro que sobrava servia para construir objectos decorativos ou instalações artísticas, sendo, em último caso, levado para a reciclagem de lixo. Esta metodologia tornou-se o modelo de trabalho das actividades do MetaReciclagem. Em meados de Março, o projecto recebia a sua primeira grande doação, cerca de 100 computadores cedidos por uma empresa53.

Juntamente com o Agente Cidadão e já posteriormente à dissolução do Metáfora, o MetaReciclagem montou o Cybersocial, um telecentro temporário no âmbito do Mês Social do SP Market, o centro comercial onde aquela instituição estava instalada. Este evento abrangeu uma exposição e uma feira de produtos fabricados por ONGs da região de São Paulo. Para o telecentro, foi utilizado um servidor médio que exportava o ambiente gráfico e as aplicações para terminais reciclados sem disco rígido e com as caixas e os monitores pintados54. Este tipo de rede de thin clients55 seria utilizado futuramente noutros projectos temporários do MetaReciclagem. Durante dois meses, o CyberSocial disponibilizou cursos abertos de introdução à informática a mais de uma centena de pessoas (Fonseca, 2005).

A participação do MetaReciclagem nos Autolabs, de Fevereiro a Julho de 2004, em parceria com a ONG La Fabbrica, a Perfeitura de São Paulo e o colectivo Midia Tática foi também assegurada graças a uma doação de 45 computadores pelo Agente Cidadão que foram montados em três laboratórios de media na zona leste de São Paulo. Para além da realização de workshops de reciclagem de máquinas aos 300 jovens inscritos no programa, o MetaReciclagem oferecia ainda orientação aos finalistas que quisessem criar a sua própria empresa de suporte e assistência técnica, com a promessa de que receberiam da autarquia o apoio financeiro necessário – uma bolsa-trabalho. Apesar dos objectivos ambiciosos, o balanço que Felipe Fonseca fez dos Autolabs é bastante negativo:

Devido a diversos factores que envolveram complicações com a coordenação do projeto, má-vontade de alguns instrutores com o software livre e microdisputas de poder, o projecto pode por um lado ser considerado um fracasso retumbante. Dos 300 jovens que se inscreveram, pouco mais de dez tentaram desenvolver acções depois de encerrado o processo, e, sem o apoio de que precisavam para ir adiante, acabaram de mãos vazias (Fonseca, 2005).

A parceria com o Agente Cidadão iria durar até depois do fim do Metáfora, tendo terminado em Outubro de 2004, quando a nova direcção da ONG perdeu parte do espaço que ocupava no centro comercial e decidiu acabar com a actividade de manutenção e reparações. Em consequência, o MetaReciclagem deixou de ser uma estratégia da ONG - embora continue a receber doações dessa entidade -, tendo o laboratório no “galpão” sido desmontado56.

Dalton Martins e Hernani Dimantas tinham entretanto começado a implementar em Agosto de 2003 um segundo núcleo do MetaReciclagem no Parque Escola, um projecto da Prefeitura de Santo André, uma cidade de 665 mil habitantes nos arredores de São Paulo que conta com uma administração do Partido dos Trabalhadores. O Parque Escola é um complexo de jardins botânicos concebido pelo arquitecto Henrique Zanetta como se fosse um quebra-cabeças, tendo sido completamente construído com materiais reciclados. Restos de obras, pneus gastos, contentores, portões descartados e até um carro de bombeiros foram transformados em edifícios e salas de aula. O projecto dedica-se a actividades de reciclagem e educação ambiental de forma a promover a importância da preservação ecológica (Rinaldi, 2005 e Fonseca, 2005).

A ideia de criar um centro de reciclagem no Parque Escola partiu de um encontro de Dalton Martins, Felipe Fonseca e Hernani Dimantas com Solange Ferrarezi, secretária-adjunta de Educação da autarquia de Santo André, durante a segunda edição da Oficina de Inclusão Digital, que decorreu em Maio de 2003 em Brasília. Através dela, os voluntários conheceram Zanetta e ambos chegaram à conclusão que o MetaReciclagem e o Parque Escola partilhavam de uma mesma visão social e ecológica baseada na reciclagem. O laboratório de media instalado pelo grupo num dos contentores disponíveis no complexo recebeu do Agente Cidadão uma doação de 50 computadores e foi aí desenvolvido um curso de Informática dirigido às cooperativas apoiadas pela incubadora de empreeendedorismo social da autarquia57. Resultando de uma proposta de Jorge Gouveia, do Departamento de Geração de Renda e Trabalho do município, esta acção de formação que decorreu entre Dezembro de 2003 e Fevereiro de 2004 abrangeu 16 trabalhadores de oito associações com actividades de venda de flores, reciclagem de lixo e papel e confecção têxtil que aprenderam a utilizar aplicações de escritório (processador de texto e folha de cálculo) e a aceder a informação na Internet. No final, foram doados alguns computadores a essas associações (Rinaldi, idem). Contudo, cinco das cooperativas não fizeram uso das máquinas, tendo-se queixado da falta de impressoras para imprimir documentos. Como refere Rinaldi (ibidem), as cooperativas brasileiras, tal como muitas companhias do país, continuam a depender em grande parte de documentos impressos na sua actividade, enviando cartas de correio postal e preenchendo impressos burocráticos para ser entregues ao Estado. Dalton Martins, que foi contratado pela autarquia para coordenar a iniciativa, concluiu mais tarde que esta iniciativa teria corrido melhor se tivessem sido incluídas impressoras junto com os computadores doados. As três restantes associações conseguiram, contudo, arranjar impressoras e passaram a utilizar regularmente as máquinas doadas.

Todos estes computadores foram pintados por Glauco Paiva, um artista local de Santo André. A participação de Paiva deu um novo sentido às acções do MetaReciclagem58. Como referiu Hernani Dimantas a Beatriz Rinaldi (2005), o projecto “obteve uma nova forma de expressão. Um computador é transformado numa obra de arte, não interessa se é novo ou não. Até então, a linguagem da reciclagem era cinzenta”. Para além da desconstrução técnica através da reciclagem, as pinturas realizadas nas máquinas com cores vivas e motivos decorativos ligados à cultura popular brasileira permitem a “desmistificação do hardware”, visando tornar a aquisição de conhecimento um processo mais divertido (Paiva, 2005). A incorporação da arte no hardware reciclado transformou-se gradualmente num dos elementos fundamentais da metodologia de reapropriação da tecnologia do MetaReciclagem, em que as pinturas adquirem um cariz pedagógico na medida em que aproximam as máquinas de pessoas que têm muitas vezes receio da tecnologia (idem). Nos workshops do MetaReciclagem junto das comunidades locais de bairros periféricos, os formadores conversam com os formandos sobre os motivos a serem trabalhados, explicam o processo de formulação das cores e dão algumas noções de história de arte. Os alunos são depois incentivados a recorrerem a temas locais relativos à memória da sua comunidade nas “obras” com que estão a trabalhar. Os materiais empregues consistem em pincéis e tintas, aerógrafo59 e compressor. Estamos assim perante uma produção colectiva que estabelece uma relação entre o equipamento, as pessoas e o espaço em causa – o centro ou associação social onde esses computadores vão ser utilizados pela população (ibidem). As experiências de interligação entre arte e tecnologia levaram à criação de totems, isto é, terminais de acesso à Internet que consistem em esculturas feitas a partir de sobras e outras peças dos computadores. Ao tornarem a máquina num objecto ainda mais descontraído e atraente, estas construções artísticas demonstram, segundo Paiva, “que as pessoas podem sim assimilar este conhecimento de uma forma aprazível e rápida e aí dá-se o apoderamento” (ibidem).

No Parque Escola, o MetaReciclagem montou ainda um videowall interactivo com nove monitores funcionando a partir de computadores Pentium MMX de 200 Mhz e uma antena WiFi disponibilizando Internet sem fios a todo o perímetro do parque e uma àrea de cinco quilómetros em redor. Esta tecnologia de comunicações visava possibilitar a implementação de uma rede de telecentros municipais – seguindo em parte o modelo da rede livre e descentralizada idealizado por Daniel Pádua ainda durante o Metáfora.

Depois da formação prestada às cooperativas, o MetaReciclagem organizou com o suporte do gabinete de apoio à juventude da autarquia de Santo André um curso de reciclagem de computadores dirigido a 12 jovens do núcleo habitacional de Sacadura Cabral, uma favela de 3200 habitantes que tinha sido recentemente reurbanizada pela Prefeitura. Dalton Martins coordenou o curso que contou com a colaboração de Julio Milan para ministrar as aulas que decorreram diariamente durante o mês de Abril de 2004, onde os alunos poderam aprender a realizar a manutenção das máquinas, a montá-las e a instalar e utilizar Linux. Na base desta iniciativa, esteve uma filosofia de emprendedorismo de social, de auto-gestão, que tinha sido uma das pedras de toque do colectivo já desde o Metáfora. Mais do que a mera formação, visava-se a autonomia das comunidades, isto é, fomentar e apoiar a criação de micro-empresas e cooperativas.

No final, dois alunos, André Garrão e António Bento Edson Dias Ferreira, abriram uma cooperativa chamada InforMeta60, dedicada à venda de máquinas recicladas a preços acessíveis e à prestação de serviços de assistência técnica. Os computadores para comercialização são obtidos através de doações do MetaReciclagem e reciclados por pessoas da comunidade. Os preços são de 300 reais (117 euros) para os modelos mais fracos (Pentium com 32 Mbytes de memória, 1 Gbyte de disco e drive de disquetes) ou de 500 reais (195 euros), para uma linha mais avançada (Pentium com 64 Mbytes de memória, 3 Gbytes de disco, drive de CD-ROMs e de disquetes, placas de rede e de som), podendo ser em ambos os casos adquiridos em prestações de 100 reais por mês (cerca de 40 euros) (Cornlis e Couto, 2005). A InforMeta pretendia atrair como clientes jovens do ensino secundário, pequenas empresas e utilizadores domésticos com rendimentos médios ou baixos. Porém, ultimamente, tem tido mais sucesso com o seu serviço de acesso pago à Internet em rede local para fins de jogos em rede. A receita obtida pela cooperativa é suficiente para pagar os salários de três pessoas. António Bento tentou também instalar um telecentro no centro comunitário local, que deveria ser financiado pelos recursos gerados pela InforMeta. Nesse espaço, o MetaReciclagem possuia um laboratório de reciclagem de máquinas onde os voluntários do projecto deram alguns cursos61. O plano não foi, no entanto, bem sucedido. Devido a dificuldades para colocar em funcionamento uma rede Linux composta por um servidor e terminais sem disco, os organizadores mudaram para Windows. “Como não conseguimos encontrar alguém para dar um melhor conteúdo às crianças, nem para tomar conta do local, tirámos a rede do ar”, explicou António Bento à revista electrónica A Rede (Cornils, 2006).

Ainda no Parque Escola, o MetaReciclagem começou a colaborar com a autarquia de Santo André na implementação da infra-estrutura física e lógica da Escola Parque de Arte e Ciência (EPAC), um projecto de popularização da ciência e tecnologia destinado aos estudantes e professores das escolas públicas. O EPAC funcionaria em simultâneo como um parque público, escola modelo, centro multimédia e de formação de professores, museu de ciência, galeria e biblioteca. Dalton Martins e Glauco Paiva começaram a desenvolver experiências sobre reciclagem tendo a tecnologia, a arte e a educação como denominadores comuns.

As eleições autárquicas de Novembro de 2004 vieram, porém, a interromper a participação do MetaReciclagem em iniciativas públicas na cidade de Santo André. Apesar de o prefeito da autarquia local ter sido reeleito, ele alterou toda a sua equipa de direcção. Em resultado, o EPAC transitou da Secretaria da Administração da Educação para a dos Serviços Públicos. O projecto perdeu o seu laboratório no Parque Escola, parte das doações de computadores aí recebidas e o acesso à infra-estrutura62.

Nos primeiros meses do MetaReciclagem, antes do fim do Metáfora, a distribuição do Linux que era utilizada nos PCs reciclados era a Kurumin, uma versão brasileira do Knoopix, que não necessita de ser instalado no disco rígido para ser testada num PC – daí se chamar a esse tipo de distribuições de LiveCDs. Argumentando que o Kurumin tinha uma série de programas inúteis para o trabalho realizado pelo grupo, um novo voluntário, Fernando Henrique, decidiu em Maio de 2003 desenvolver o MetaLinux63, uma distribuição dirigida especificamente a computadores mais antigos como os que eram recebidos no “galpão” (Pentiums com uma velocidade entre 75 e 200 Mhz, 16 a 32 Mbytes de memória e disco rígido com menos de 2 Gbytes) e, ao mesmo tempo, com um interface mais apelativo e fácil de utilizar para utilizadores com pouco ou nenhum contacto prévio com a informática. A primeira versão disponibilizada publicamente, a 0.5, utilizava como base a Gentoo por ser uma plataforma conhecida pelo seu bom desempenho em jogos e multimédia. A terceira e última versão do MetaLinux, lançada após o fim do Metáfora em Janeiro de 2004, chegou a incorporar várias características de outras distribuições do Linux, como um LiveCD de 50 Mbytes.

Devido a uma falta de comunicação entre Fernando Henrique – então, o único responsável pela distribuição - e os outros elementos do MetaReciclagem, as novas acções desenvolvidas pelo colectivo passaram a utilizar a plataforma Slackware em vez do MetaLinux. O programador propôs a elaboração de uma documentação que designou de Komain que ensinava a criar uma distribuição Linux a partir do zero – de uma forma auto-didacta e Do-It-Yourself, de forma a compartilhar o conhecimento que possuia aos potenciais interessados para que estes pudessem contribuir para o MetaLinux64. Henrique enviou a documentação para a nova lista do MetaReciclagem mas o interesse suscitado não foi muito grande. Em resultado da fraca adesão, decide extinguir o desenvolvimento do MetaLinux e continuar com o Komain como um hobby pessoal lateral ao MetaReciclagem. Mas numa reunião com os outros voluntários do projecto em que é levantada a necessidade de uma distribuição própria, Henrique propõe o desenvolvimento conjunto do Komain com o grupo65. Em 2005, a distribuição contava com oito programadores, sendo apenas dois activos.

A Replicação da Metodologia da MetaReciclagem

No início de 2005, com a perda dos laboratórios que o colectivo ocupava no “galpão” do Agente Cidadão e no Parque Escola de Santo André, o MetaReciclagem começou uma nova fase. Como reconheceu Felipe Fonseca, “sem um espaço próprio disponível o MetaReciclagem não conseguiu subsistir enquanto grupo”66. Mas, na verdade, alguns dos voluntários do projecto como o próprio Fonseca – seguindo o modelo herdado do Metáfora -, concluíram que nunca tiveram como objectivo constituirem-se como grupo de inclusão digital ou mesmo uma ONG, considerando em vez disso que a sua actividade podia ser definida como uma acção descentralizada, uma metodologia emergente de trabalho para a reapropriação da tecnologia visando a transformação social (Fonseca, 2005). O fracasso do modelo de actuação como grupo levou esses elementos a encararem o projecto como “uma aglutinação de pessoas que fazem MetaReciclagem (...) uma maneira de lidar com a tecnologia”. Foi então alcançado um consenso mínimo sobre uma definição conceptual desse processo da MetaReciclagem que, segundo a wiki do projecto, consistiria em:

Construir junto de comunidades um processo de autonomia tecnológica baseada em princípios da reciclagem e do software livre, abrir canais de geração de trabalho e rendimento com base nos produtos desse processo, obter não apenas o acesso à tecnologia, mas a efectiva apropriação da mesma como meio de desenvolvimento e criação. Dessa forma, comunidades iniciam a venda de produtos de tecnologia a baixo custo para um público interno, ocupam espaços em Centros Comunitários criando TeleCentros para acesso a tecnologia reciclada, laboratórios de reciclagem transformam-se em centros de formação profissional local67.

Uma vez mais, tal como nos tempos do Metáfora, a ideia de descentralização e disseminação por esporos era valorizada em detrimento de uma territorialização num local específico e próprio, dado que, segundo os elementos do núcleo-fundador do projecto, esta última abordagem implicaria necessariamente um certo grau de institucionalização. A MetaReciclagem seria assim uma “ocupação pirata de acções governamentais relacionadas com inclusão digital, educação e 'geração de rendimentos'“ que colaborava simultaneamente com ONGs e outros projectos independentes. O conceito assemelhar-se-ia mais a um meme que dissemina a ecologia de reciclagem de computadores como instrumento de desenvolvimento social e autonomização criativa e financeira por todo o Brasil do que um grupo coeso, fixo e estável composto por técnicos e dividido em filiais. A este propósito, Felipe Fonseca comentou na entrevista:

Acreditámos desde o começo na descentralização integrada por questão de princípio: não queriamos tornar-nos em especialistas ou únicas referências. A rede continua a crescer como rede, a sua topologia muda a cada momento. Dessa forma, pudemos manter o nosso ritmo de inovação e recriação (Fonseca, 2005b).

Tendo em conta esta nova concepção do MetaReciclagem como meme, foi estabelecido um esquema de actuação que se articula em três níveis:

  • Esporos – laboratórios físicos onde pessoas fazem MetaReciclagem. Nestes espaços também são realizadas acções de investigação e desenvolvimento, tanto técnico como teórico sobre MetaReciclagem. Um exemplo de esporo seria o “galpão” no espaço do Agente Cidadão ou o Parque Escola de Santo André.
  • Infra-estrutura online – ambiente onde decorrem as conversações sobre MetaReciclagem. Esta camada - que corresponde à infra-estrutura lógica do Metáfora – assegura a comunicação e o contacto entre as várias partes do projecto, compreendendo a lista de discussão, a wiki, os blogs pessoais dos diferentes elementos e outros espaços de interacção online criados para um evento ou acção específica. Uma vez que, sendo um projecto descentralizado, cada pessoa pode empregar a plataforma que prefere, foi criado um agregador de RSS para disponibilizar de forma integrada e numa única página da Web toda a informação que for sendo produzida68.
  • ConecTAZes – laboratórios temporários ou permanentes, fixos ou móveis, que “beneficiam” de acções de MetaReciclagem. Estes podem abranger tanto workshops de colaboração com recurso apenas a papel e lápis, como a uma Linux InstallFest69 ou a uma sessão de exibição de vídeos. As ConecTAZes podem-se tornar em telecentros multimédia independentes, como ocorreu com os Autolabs. Outros espaços que se enquadrariam nesta categoria seriam a ocupação no Midia Tática Brasil e o Cybersocial.

É a partir deste novo modelo de articulação descentralizada que se insere a integração da prática de reapropriação tecnológica do MetaReciclagem no projecto Pontos de Cultura da responsabilidade do Ministério da Cultura (MinC), através da sua estratégia Cultura Viva. Organizado por um grupo de articuladores70, o Pontos de Cultura consiste numa série de centros culturais promovendo o desenvolvimento da produção cultural, em particular na inserção das culturais locais em rede através de tecnologias da informação e da produção de software livre. Como explicam Freire, Foina e Fonseca, pretende-se desta maneira criar “uma rede descentralizada de produtores culturais intercambiando experiências sobre os mais diversos contextos culturais do Brasil” (2005). Até ao final de 2005 já tinham sido seleccionados 264 centros, mas espera-se que este número aumente para 400 até ao final de 2006:

Um Ponto de Cultura é, ao mesmo tempo, produtor e consumidor cultural. É uma casa, uma sala, um depósito, uma estrutura física localizada estrategicamente em qualquer lugar onde haja uma produção cultural local. O projeto propõe-se captar essa produção cultural e irradiar seu conteúdo a todos os demais Pontos ao redor de todo o país (...), e também, possibilitar uma infra-estrutura básica, permitindo que se produza bens culturais utilizando-se programas de Software Livre e de Código Aberto, distribuindo essa produção em uma rede de Pontos por meio de licenças Creative Commons e CopyLeft, de forma a permitir a remixagem e a colaboração com outros Pontos (Freire, Foina e Fonseca, 2005).

Estes centros são baseados em iniciativas locais já existentes, que contarão com a doação de um kit de tecnológico para produção multimédia (áudio, vídeo, produção gráfica, desenvolvimento de software e apropriação de hardware)71 e que serão interligados através de uma ferramenta de publicação online empregando uma rede de distribuição P2P72. No contexto dos Pontos de Cultura, a aplicação da metodologia da MetaReciclagem assegura a disponibilização do hardware que os elementos das comunidades locais com maior incidência de exclusão social e pobreza necessitam para desenvolver as suas próprias produções culturais. Alguns dos elementos do MetaReciclagem foram já contratados como consultores do projecto, colaborando no planeamento conceptual e técnico, bem como na implementação e suporte dos diversos centros73. Tal como os outros integrantes do grupo dos articuladores, a equipe ligado ao MetaReciclagem começou por colaborar com o governo apenas de uma forma voluntária por acreditarem que os Pontos de Cultura seria a única forma de aplicar na prática e a nível nacional as ideias planeadas em projectos autónomos como o Metáfora que careciam dos recursos financeiros necessários.

Este grupo de pessoas que iniciou todo o esforço coletivo de pensar/trabalhar, não tem necessariamente comprometimento com o governo em si, ou com a sua ideologia. O que não significa que não considerem o projecto como essencialmente de natureza política, mas que agem como uma invasão hacker dentro do sistema, com gestão própria e objectivos bem definidos. A maioria só quer ver o projeto funcionando, pontos de cultura organizados em rede, autónomos e sustentáveis, distribuidos pelo país, colaborando e compartilhando sua produção cultural livre (Freire, Foina e Fonseca, 2005).

A promessa é que, depois de constituída a rede descentralizada de centros espalhados pelo país, esta venha a funcionar de forma auto-suficiente, sem o apoio financeiro do Estado, de forma a que não seja vulnerável a uma eventura futura mudança de governo. O conceito baseia-se numa ampliação a nível de todo o Brasil da experiência dos Autolabs realizada em parceria com a Prefeitura de São Paulo, que Ricardo Rosas descreveu como uma “subversão prática”, uma invasão alienigena do sistema político (Rosas, 2004). Iniciativas como o Autolabs e os Pontos de Cultura constituem, nesta mediada, hacks de projectos governamentais (Freire, Foina e Fonseca, 2005)74. Refutando os dilemas do risco de cooptação e recuperação que a colaboração com o governo e outras entidades com uma agenda própria colocam habitualmente a colectivos activistas autónomos, Felipe Fonseca afirmou-nos em entrevista:

Na medida em que sempre nos baseámos na ideia de conhecimento livre, um dos nossos objectivos é a cooptação. Mantendo-se certos princípios, qualquer apropriação das nossas ideias (a apropriação da reapropriação?) é desejada (...) Melhor que ter uma ideia genial e convencer actores de peso da pertinência dela, é fazer esses actores acreditarem que tiveram uma ideia genial. Antes que persuadir, influenciar. MetaReciclagem hoje está dos dois lado do principal debate político: simultaneamente dentro de projectos do Partido dos Trabalhadores e do PSBD75. Simultaneamente num projecto nacional do governo (...) e com militantes anarco-punks. Simultaneamente no Ministério das Comunicações, comandado por um imbecil76, e dentro de grupos que combatem a actuação do mesmo ministério. Quando, buscando esse tipo de influência, precisamos parecer uma ONG, temos cartões de visita, fato e gravata. Quando estamos no nosso ambiente, em campo, estamos de havaianas e camiseta. A nossa mobilidade confunde, mas alcança os seus objectivos. Somos múltiplos..Eu tenho muitos 'sobrenomes' (Fonseca, 2005b).

Para o desenvolvimento e implementação dos Pontos de Cultura foi criado um centro experimental na galeria Olido, um antigo cinema localizado na zona central de São Paulo. O complexo conta actualmente com cinema, salas de ensaio e apresentação de dança, galeria de exposições, telecentro e outras actividades. Aí funciona também desde meados de 2004 um esporo do MetaReciclagem, graças a uma parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e do Governo Electrónico da Prefeitura de São Paulo, o projecto Cibernarium77. Nesse espaço têm lugar acções de reciclagem de computadores e seminários técnicos. Em Outubro de 2004, Felipe Fonseca e Elly Chagas ministraram aí um workshop sobre colaboração, comunicação em rede e low-tech para 27 elementos de organizações não-governamentais pertencentes à Corrente Viva78, uma incubadora de ONGs que conta com 23 associações espalhadas pela cidade de São Paulo79. Esta acção resultou numa parceria, através da qual o MetaReciclagem desenvolveu já um site para a Corrente Viva, estando ainda em paralelo a ser desenvolvido um projecto de implementação e formação em tecnologias de informação em todas as ONGs atendidas por esta rede.

No domínio da infra-estrutura lógica online, uma das ferramentas ligadas ao MetaReciclagem foi o LigaNois80, um site colaborativo baseado em Drupal que esteve online entre finais de 2003 e de 2004 destinado aos utilizadores e monitores dos telecentros da Prefeitura de São Paulo, expandido assim a experiência do fórum criado ainda na época do Metáfora, no âmbito do festival Mídia Tática Brasil. O objectivo, como explica Felipe Fonseca, era mostrar ao utilizador desse e doutros projectos de inclusão digital no Brasil que “a Internet era principalmente um ambiente de interacção com outras pessoas” (Fonseca, 2003c). O site chegou a ter 800 utilizadores registados e cerca de 600 visitantes por dia (Rinaldi, 2005).

De modo a recuperar a discussão conceptual dos tempos do Metáfora, foi também implementado outro site. Denominado Xemelê81, numa alusão à segunda lista da incubadora de projectos, aquele espaço online acabou por tornar-se, no entanto, no sistema de conversações, publicação, gestão de contactos e partilha de arquivos destinado a integrar os pontos de cultura (Fonseca, 2005). No mesmo domínio está também alojada a plataforma de pesquisa82 estabelecida entre o Midia Tatica, o MetaReciclagem, a Sociedade Waag e o laboratório de media Sarai.

As parcerias do MetaReciclagem com grandes instituições públicas têm também continuado, embora numa vertente mais focada na implementação de ConecTAZs. No segundo semestre de 2004, em colaboração com a Sampa.org83 e o Banco do Brasil, foram instalados dois telecentros na região de São Paulo. Um situa-se em Capão Redondo, distrito que é considerado uma das áreas mais pobres e violentas da cidade. Juntamente com a associação Chico Mendes, uma colectividade local, foi montado um espaço equipado com computadores doados pelo governo federal e reciclados pelo MetaReciclagem. Uma semana após a abertura todos os computadores foram roubados. Desde então, o telecentro encontra-se encerrado (Rinaldi, 2005)84. A outra ConecTAZ foi implementada em Jarimu, uma pequena vila rural a 70 quilómetros de São Paulo. Dalton Martins, Glauco Paiva e Elly Chagas abriram um telecentro equipado com 30 computadores numa sala da Associação das Mulheres de Jarinu. Mais recentemente, o projecto do governo federal Casas Brasil começou a ministrar cursos de metareciclagem em todos os seus 90 telecentros dotados de uma infra-estrutura multimédia e laboratórios de reciclagem de computadores.

Durante o ano de 2005, o número de esporos independentes assinalou um crescimento notável85. Para além do centro de media IP://, no Rio de Janeiro, criado por Tatiana Wells, Ricardo Ruiz, Romano e Giuliano Djahjah, surgiram também mais laboratórios de reciclagem em zonas como: Salvador (em associação com a Faculdade Ruy Barbosa); Arrail D'Ajuda, na costa histórica da Baía, através do colectivo Bailux86; no Recife; Teresina, no Piauí87; Manaus, no estado do Amazonas88; no centro do Movimento Humanista no bairro de Santa Cecília em São Paulo.

Segundo Felipe Fonseca, em Março de 2006, o MetaReciclagem integrava um núcleo-base de uma dúzia de participantes activos que dedicam grande parte do seu tempo ao projecto; outro grupo de 20 a 30 pessoas que colaboram regularmente – uma vez por semana ou de quinze em quinze dias89. A lista de correio electrónico possuia 158 subscritores. Estes números não incluem, é claro, as pessoas que realizam acções de metareciclagem nos esporos espalhados pelo país.

Referências

As notas bibliográficas deste texto podem ser encontradas na tese do Miguel, no site do descentro: http://pub.descentro.org/backgroundresearch

Notas

44Ver mensagem nº 63. Paulo Colacino fez um apanhado das mensagens enviadas para a lista do Metáfora que dão conta das origens do MetaReciclagem e que está disponível em http://rede.metareciclagem.org/livro/Origens

45Site disponível em http://www.cdi.org.br. A CDI foi criada em 1993 no Rio de Janeiro por Rodrigo Baggio a partir de uma BBS (Bulletin Board System) com a intenção de fomentar o uso das tecnologias de informação como meio de integração social junto da população desfavorecida do Rio de Janeiro. Em 2005, possuía cerca de 1000 Escolas de Informática e Cidadania espalhadas por 19 estados brasileiros, bem como em mais 10 países, contando com 1800 educadores, mais de meio milhão de educandos formados, seis mil computadores instalados e 1200 voluntários.

46Ver notícia “CDI chega a mais cinco países” publicada no Jornal do Brasil a 8 de Março de 2001 disponível em http://www.cdi.org.br/midia/midia_20010308.htm, que faz menção a uma doação da Microsoft de cinco milhões de dólares. A partir de 2003, contudo, a CDI tem disponibilizado alguns computadores com arranque duplo em Windows e Linux. Ver Cornils, Patrícia e Couto, Verônica (2005), “Reciclagem: o computador com atitude”, Revista A Rede, nº 2, Maio. Disponível em http://www.arede.inf.br/index.php?option=com_content&task=view&id=20&Ite....

47Ver mensagem nº 544 de Pádua, bem como a 122 de Colacino e a 124 de Fonseca.

48Ver mensagens nº 510 e 535. Fonseca tinha já criado anteriormente, a 11 de Julho, uma página na wiki com o nome de MetaReciclagem, contendo a proposta de Pádua. Ver mensagens nº 292 e 527.

49Adriana Veloso, que era também voluntária do CMI-Brasil, tinha enviado a 26 de Agosto de 2002 um mensagem para a lista (nº 2004) avisando que o Alameda County Computer Resource Center (ACCRC – www.accrc.org), uma ONG da Califórnia que recebe computadores e outro equipamento informático usado, reciclando-os e doando-os em seguida a projectos sociais espalhados por todo o mundo, tinha enviado um carregamento de 500 PCs, material de rádio e placas WiFi para os centros da Indymedia na América Latina, sendo que alguns seriam redistribuídos a outros movimentos. Essa hipótese não se veio, contudo, a realizar, devido ao custo elevado do frete e do processo de legalização e ao facto de o Metáfora não ter o estatuto de uma ONG. Ver mensagens nº 5597 enviada por Veloso a 16 de Dezembro de 2002 e nº 7000 enviada por Tatiana Wells a 1 de Março de 2003, redireccionando um email de Pablo Ortellado, do CMI-Brasil.

50Site disponível em http://www.agentecidadao.org.br.

51Ver mensagem nº 5592 enviada para a lista por Fonseca a 16 de Dezembro de 2002.

52Ver mensagem nº 5998 em que Martins faz um relato dos trabalhos iniciais de metareciclagem no “galpão”.

53Ver mensagem nº 7337 de 18 de Março enviada por Dalton Martins.

54Algumas imagens do Cybersocial estão disponíveis em http://metareciclagem.org/midia/imagens/cybersocial.

55Computadores-cliente que integram uma rede de arquitectura cliente-servidor e que possuem pouco ou nenhum poder de processamento, dependendo de um servidor central que corre as aplicações.

56Ver página da wiki do MetaReciclagem em http://xango.metareciclagem.org/wiki/index.php/Agente_Cidadão. Esta informação foi também retirada de Rinaldi (2005).

57Dalton Martins escreveu sobre a abertura do laboratório à população local e sobre o início do curso de formação em http://dmartins.blogspot.com/2003/12/muito-tempo-sem-escrever.html e em http://dmartins.blogspot.com/2003/12/comecou-nessa-terca-feira-o-curso-d..., respectivamente.

58Ver imagens dos computadores reciclados no Parque Escola de Santo André em http://201.6.103.134/gallery/parqueescola.

59Espécie de pistola de ar comprimido que funciona como instrumento de pintura através de jactos de tinta.

60Site disponível em http://www.informeta.com.br/.

61Ver imagens do telecentro de Sacadura Cabral em http://201.6.103.134/gallery/sacadura.

62Ver o resumo que Felipe Fonseca fez da situação do MetaReciclagem a 4 de Maio de 2005 no seu blog em http://www.metareciclagem.org/fff?p=1151.

63Site disponível em http://metalinux.codigolivre.org.br/index.html. Na wiki do MetaReciclagem, Fernando Henrique conta a história da evolução do MetaLinux: http://rede.metareciclagem.org/wiki/MetaLinux. Foi também criada uma lista de discussão em http://listas.cipsga.org.br/pipermail/metalinux/

64Ver mensagem de Henrique enviada para a lista MetaLinux a 15 de Junho de 2004 em http://listas.cipsga.org.br/pipermail/metalinux/2004-June/000029.html. O site do Komain está disponível em http://komain.sourceforge.net. Fernando Henrique explica um pouco a origem e história do Komain numa página da wiki do MetaReciclagem em http://rede.metareciclagem.org/wiki/Komain.

65Ver mensagem de Henrique enviada para a lista MetaLinux a 19 de Julho de 2004 em http://listas.cipsga.org.br/pipermail/metalinux/2004-July/000049.html.

66Fonseca, Felipe (2005), “Outro Balanço”, 4 de Maio de 2005. Disponível em http://metareciclagem.org/fff/?p=1151. Nesse mesmo mês de Maio, o MetaReciclagem perdeu o servidor que alojava a lista de discussão até então, o que levou à perda do arquivo. O novo arquivo da lista está disponível em http://dir.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem.

67Ver página sobre replicação do conceito de metareciclagem na wiki do projecto em http://rede.metareciclagem.org/wiki/Replicacao. Aí se encontra também uma descrição mais completa da metodologia de trabalho implicada neste conceito, através de uma divisão em 11 etapas.

68Agregador disponível em http://agregador.metareciclagem.org. Existe ainda um weblog colectivo em http://blog.metareciclagem.org.

69Evento onde qualquer pessoa pode trazer o seu computador de modo a que voluntários instalem nele Linux e outro software livre.

70Este grupo de articuladores foi formado em meados de 2003 a partir de colectivos autónomos e que tinham sido convidados por Cláudio Prado, coordenador de políticas digitais do MinC, a desenvolver acções direccionadas para a apropriação de tecnologias digitais à escala nacional através do projecto BACs (Bases de Apoio à Cultura).Este projecto viria a ser substituído pelos Pontos de Cultura.

71Este kit é composto por um servidor de rede, uma estação de trabalho multimédia, uma câmera de filmar mini-DV e equipamento de som. Ver mais informação no post “Sobre a 'novela' dos kits previstos no primeiro edital do Cultura Viva” publicado por Vítor Cheregati, um dos articuladores do projecto, a 5 de Dezembro de 2005 em http://converse.org.br/sobre_a_novela_dos_kits_previstos_no_primeiro_edi....

72No início de 2005 começou a funcionar o Conversê (http://converse.org.br), um site colaborativo baseado em Drupal que funciona como um ambiente online de interacção entre os diferentes pontos de cultura e fomentar a sua articulação em rede.

73Incluem-se aqui Felipe Fonseca, Dalton Martins, Glauco Paiva e Fernando Henrique.Outros colectivos associados aos Pontos de Cultura são o Estúdio Livre (www.estudiolivre.org) – encarregue de testar, adaptar e implementar soluções multimédia totalmente baseadas em software livre, o movimento de rádios livres radiolivre.org, assim como o grupo Midia Tática.

74Saliente-se que a questão da cooptação foi o tema de um painel da conferência sobre media tácticos Submidialogia que teve lugar em Outobro de 2005 na Universidade de Campinas. Neste painel, intitulado “quando meus amigos se tornaram .gov – problemas e soluções ”, tentou-se responder às seguintes questões.

Num curto período de tempo, dezenas de iniciativas e centenas de pessoas que participavam de movimentos de comunicação independente, media tácticos, software livre e movimentos de base foram, directa ou indirectamente, incorporados nas agendas e contratos governamentais. Qual o motivo dessa rápida incorporação? Como direcionar tais acções num governo como o brasileiro? quais as consequências? E como é que o governo tem lidado com os projectos e ideologias dos envolvidos com as pesquisas e implantações? Qual a actual situação de projectos como o da TV Digital e GESAC (Ministério das Telecomunicações) e Pontos de Cultura (Ministério da Cultura).

Ver site do evento em http://submidialogia.descentro.org.

75Partido da Social Democracia Brasileira – principal força política de oposição ao governo de Lula da Silva. O ex-presidente Fernando Henriques Cardoso foi um dos fundadores deste partido que pode ser situado ao centro do espectro político. Um dos seus dois candidatos às eleições presidenciais de 2006 é José Serra, actual prefeito de São Paulo.

76Fonseca refere-se aqui a Hélio Costa, ministro das Comunicações. O MetaReciclagem encontra-se presente no Ministério das Comunicações através do programa GESAC (Governo Electrónico – Serviços de Atendimento ao Cidadão) que disponibiliza acesso à Internet de banda larga por satélite em aldeias indígenas e comunidades rurais localizadas em zonas não abrangidas pelas redes das empresas de telecomunicações. Nesses locais realizam-se cursos de metareciclagem abertos à população. Ver site do GESAC em http://www.idbrasil.gov.br.

77Este projecto, que integra a @lis (Alliance for the Information Society”, é uma iniciativa da União Europeia no campo da divulgação e capacitação digital de carácter pedagógico que actua em nove cidades europeias e da América Latina no sentido de combater a exclusão digital. Ver site em http://www.alis-cibernarium.org.

78Site disponível em http://www.corrente.org.br.

79Ver alguns testemunhos de participantes nesse workshop em http://rede.metareciclagem.org/wiki/OficinaColaboracaoCorrenteViva

81Site disponível em http://xemele.org.

82A plataforma de pesquisa deu origem ao DesCentro: http://pub.descentro.org

83ONG brasileira que trabalha com projectos de inclusão digital que abriga iniciativas que trabalham nas áreas da educação, cultura, formação técnico-profissional e comunicação. Site disponível em http://www.sampa.org.

84Ver também relato de Elly Chagas em http://www.metareciclagem.org/wiki/index.php/ChicoMendes.

86Site disponível em http://bailux.wordpress.com.

87Este esporo, que fornece a infra-estrutura para a criação de três telecentros, situa-se no Centro de Referência da Cultura Hip Hop, da responsabilidade do Movimento Hip-Hop Organizado Brasileiro (MHHOB). O Piauí é o estado mais pobre do Brasil.

88Site disponível em http://manaus.metareciclagem.org.

89Os dados constam de uma mensagem de email enviado por Fonseca para a lista de discussão a 24 de Março de 2006, disponível em http://article.gmane.org/gmane.politics.organizations.metareciclagem/310....