Tacando pedra nos moinhos

Uma conversa na lista, agosto - setembro 2008

efeefe

tenho me perguntado de maneira mais aprofundada sobre a existência disso tudo. Acho que eu tenho uma certa nostalgia por um tempo em que a MetaReciclagem reunia uma dúzia de pessoas dispostas a fazer coisas juntas. Hoje a lista metarec tem 368 pessoas, e pouco ou nada se articula por aqui. Acho que as listas em geral são uma coisa um pouco defasada, e até cheguei a começar a reorganizar o site da MetaReciclagem pensando que ele pode virar um ambiente de articulação, mobilização, agenciamento. Mas no processo tenho me perguntado cada vez mais se faz sentido. Se ainda tem alguém interessado em usar um sistema como esse. Em chamar as coisas que faz de MetaReciclagem, e com isso contar com o apoio de outras pessoas. Ou se ainda tem gente interessada em apoiar os projetos de outrxs.

(...)

Acho que tem um ponto de limite, de agitação coletiva, que determina a participação das pessoas: a partir dali, mais gente entra. Daí que só faz sentido desenvolver uma estrutura que facilite essas coisas se as pessoas forem usar.

(...)

E aí pergunto: faz sentido eu pensar nisso? Faz sentido a gente ter uma estrutura pra agenciar ações coletivas entre pelo menos essas 368 pessoas que tão na lista e tantas outras que entram a cada dia no site pelo google ou coisa parecida? Faz sentido a gente pensar em uma estratégia de logística distribuída pra aproveitar a exposição que a gente teve, e que até hoje continua gerando contatos de pessoas e empresas que querem doar seus equipamentos mas não sabem pra quem? Faz sentido buscar um nexo, tentar encontrar pontos em comum e possibilidades de ação conjunta? Será que ainda é possível articular a idéia de 'comunidade' distribuída ou isso é coisa de 2001?

ruiz

que o papo de comunidade distribuida eh de 2001 tambem concordo. somos uma comunidade unida!

stalker

Compartilho completamente o diagnóstico do FF sobre a inocuidade de estruturas sem dynamos (como se diz na semiótica) ou sem desejo (para a psicanálise). O que se disse para o MetaReciclagem, vale para a Indymedia, o EL, o Estilingue, talvez o rizoma das rádios e tvs livres, boa parte das rádioslivres (caso que conheço: a RadiolaUFMG).

Eu acho que namoro longo, ou casa, ou termina. Mas se não casa na hora que há amor profundo (a parte as paixões), depois não adianta, vira mais um compromisso ex-voluntário.

Na primeira vez que tentamos casar (institucionalizar) nossas iniciativas primeiro, foi cedo demais. Apaixonados, mas muito adolescentemente apegados a uma independencia que, como vimos logo depois (quando fomos empregados e cooptados e, alguns, corrompidos) nunca havia existido. Agora, quem começou com menos de duas dezenas de anos, agora está chegando as três (ou quatro, como eu, que estou há 18 anos nesse boogie-woogie), tem contas a pagar, filhos a criar, casamentos a preservar (ou a abandonar). Temos que respeitar nossas novas realidades pessoais, ou seja, nosso amor pelas ações autonomistas e inovadoras tem que ser sustentável em longo prazo.

Será que ao virarmos pessoas jurídicas, seremos obrigatoriamente iguais às ONGs formadas nos anos 80 e 90, que a gente tanto malhava (com boas razões mas nem tão bons afetos)? Elas próprias (as ONGs) absorveram inúmeras inovações que o nosso ciberativismo inventou, assim como muitas as pessoas nelas se empregam hoje.

Esgotamos o combustível das paixões de começo e o que era volátil, já se sublimou. Temos amor bastante para continuar? Toleraremos abandonar nossos projetos nos dizendo que "foi curto o verão"?

lelex

explode suavemente perante nossos olhos as incertezas do pertencimento, as raízes que se quebram ao mesmo tempo que ensaiam renascer. Enxergamos nossa frágil condição de Ser e Estar com a perplexidade comum aos que se perdem no redemoinho das gerações. E o som de nossa tragédia a perscrutar o coração inquieto...

liquuid

Tem lab que é e não sabe, ou não tem a manha pois ta crú e verde.

efeefe, respondendo ao stalker:

> Elas próprias (as ONGs) absorveram inúmeras
> inovações que o nosso ciberativismo inventou, assim como muitas as pessoas
> nelas se empregam hoje.

isso pra mim é algum tipo de sucesso. fazer amigos e influenciar pessoas :P não tenho nada contra esse tipo de absorção, desde que a gente possa manter nosso jardinzinho ativo. o que me incomoda é quando pessoas que podiam estar aqui ajudando a manter as coisas dedicam todo o seu tempo a regar os jardins das instituições que lhes bancam. podem ir lá plantar, regar e jogar esterco onde for, mas que dediquem algum tempinho à nossa horta comunitária, também. não pela produção de alface, mas pela sensação de mexer na terra juntos.

>Temos amor bastante para continuar?

ou alguma outra coisa? eu continuo acreditando que isso aqui, seja lá como a gente chame, desempenhou e pode voltar a desempenhar um papel importante na disseminação de um tipo de sensibilidade íntima com as tecnologias, todas elas. acho que é viável pensar na metareciclagem como catalisadora de uma rede aberta de inventorxs, de pessoas que são amigas e criadoras de tecnologia. mas acho que precisamos mudar algumas coisas fundamentais para chegar a isso.

efeefe, respondendo ao liquuid

> Tem lab que é e não sabe, ou não tem a manha pois ta crú e verde.

mas é aí que eu acho que a gente tem que ir mais fundo. um lab metarec que não sabe que é metarec é um lab de reciclagem de computador. na minha concepção, que é só minha, 'ser metarec' é compartilhar com a rede metarec. o resto é hardware, e isso todo mundo faz. digo, chamar de MetaReciclagem é se inserir em uma rede. se o cara não compartilha com essa rede, pra mim isso não é metareciclagem. e ponto. mas posso estar errado.

efeefe respondendo ao sapo e ao ruiz

> e outra: metareciclagem é uma idéia em processo,
> como tá provado nesses anos. ponto final.

> comunidade unida meu ovo. isso é ideal a perseguir,
> não a realidade de momento algum da nossa história.

também acho que "unida" não é a real. "distribuída" até é, mas o que eu tava questionando não era isso, era "comunidade". o que é isso?

stalker responde a efeefe:

também acho que "unida" não é a real. "distribuída"
até é, mas o que eu tava questionando não era isso, era
"comunidade". o que é isso?

Comunidade é uma lógica específica chamada de comunalização, pela qual produzimos "nós", subjetivações coletivas, uma imagem de corpo coletiva. A peculiaridade dessa lógica é que ela opera no inconsciente, pelos afetos e sensações, pelos juízos perceptuais que nos organizam enquanto sujeitos. Por isso mesmo o que a gente vai depois de "comunidade" (ou nomes equivalentes) sempre parece sem propósito e sem origem. Quando a gente nota, denomina e define, uma parte da comunalização assume a forma de socialização (contratos, estruturas). 

Porque se dependemos desses laços profundos para nos constituirmos como sujeitos, evidentemente que esses laços não são acessíveis a nosso discernimento racional, simbólico, consciente. Quando passam a ser, muito do encanto se perde. A o feitiço (o fetiche) se dissipa como se nada tivesse acontecido, ou então vira amor ágapastico (amor sem cobiça).

lelex responde a efeefe

sensibilidade, essa é a palavra mágica... tava me cagando de medo que alguém entrasse radicalizando, evangelizando, doutinando, hehehehe.

mas existe vida, em todos nós, nós da rede, nós em rede... e metareciclagem, pra mim, não se resume a drupal, a equipos reaproveitados, a contratos governamentais firmados...mas a um modo de vida, um modo de ser, de estar... eu tenho me metereciclado diariamente... me aproveitando das funções inusitadas e o que se pode obter através de metareciclagem... sei que sou por demais incomodativa... mas, se a gente não tira proveito, se a gente não fica em paz com nossa consciência, prá que serve mesmo tudo isso?

eu me desiludi, um pouco, porque existe o imaginario coletivo que metareciclagem é de ninguém... eu discordo, eu acho que metareciclagem é de todo mundo... lançamos proposta de licença metareciclagem e pelo jeito o ninguém falou mais alto que todo mundo... não se trata de CNPJ, mas de direito adquirido coisa que ninguém pode tirar de alguém.

teia

aí, me embrenhei mata adentro e num dos trabalhos de criação com uma equipe pequena, a primeira pergunta da minha amiga de trabalho é: Vc é da MetaReciclagem, né? pesquisei sobre vc na rede ....

(...)

talvez criar novos (pretextos) para encontros.... hoje me sinto em comunidade em alguns momentos_rituais: xamânicos, maracatus, congadas, rodas de conversas, tambores... cada vez mais raros.... e um carinho sem fim metarecicleiro -> máquinas-ondas-conexões, é só + pretexto pra descobrir em mim a comunidade....

lelex

então, pertencer é o que faz se sentir em comunidade... pode ser por um segundo, ou pela vida toda... a comunidade é algo de pertencimento... pode não permanecer, mas pertence ou não pertence... eis a questão.

mbraz

nao chamo o que faco de metareciclagem, se alguem quiser chamar que chame e ficarei feliz por isto. Explico, ja' ha' algum tempo ficou mais facil pra mim dizer o que nao e' metareciclagem. Exemplo, posso afirmar com todas as letras que CDI nao e' metareciclagem. E uma outras tantas acoes que tambem nao sao. Nao que tenha algum poder sobre a definicao da coisa, do conceito metarec.

E' so' uma desencanacao sadia. Em outros termos seria algo proximo do gestaltismo – http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt, so' consigo destacar a forma pela diferenciacao do fundo.

mbraz

concordo com a questao dos labs que o liquuid coloca, e a funcao de compartilhar tem que ser produzida, pois nao faz parte da cultura geral, mas de caracteristicas ou bloqueios individuais, Resumindo, aprende-se a compartilhar.

a ideia dos relatos faz parte deste aprendizado, como forma de criar uma diaspora - uma dispersao de pessoas e conhecimentos, mas nao uma disritmia. Que acontece quando a dispersao fica excessiva, sem reconexao dos vetores geradores.

Porem como pessoa, reservo-me o direito de quando faze-lo, o relato. Usar a surpresa como tatica; re_citando çtalker: surpreender e surpreender-se e' uma questao de tonalidade afetiva.

lu

quanto a praquê continuar?, ora mais, o processo é lento! e talvez nossos filhos apenas comecem a ver o resultado de nosso trabalho...infelizmente..

eu estou cada vez mais enredada, mas acho essencial que haja encontros presenciais pra fortalecer ainda mais a rede, para que aquele sentimento de pertencimento retorne entre os nós da rede..

que tal retomarmos aquele papo sobre um possível encontro intergalático???

vamos nos desenrolar, reconstruir, reorganizar!

lelex

retomo aqui, depois de tudo e todos que li, para dizer que metareciclagem é uma sociedade, sim, uma sociedade autônoma e não anônima... o racíocínio é o seguinte: as crises atingem a tudo e todos.

A comprensão desses fenômenos (e a ação social correspondente à sua negação) exige uma elaboração de uma cultura alternativa em dois níveis:

- da técnica;

- das categorias, em bases concentuais divergentes do "instituído".

Para exemplificar, nas artes o pós-moderno está presente e em grande parte resultante da sociedade pós-industrial, e fomenta, enqto estético, um novo sentido, ou melhor, indicando a ausência de sentidos, afirmando o sentido do vazio, o sentido do nada, a "ausencia de valores", a morte de qualquer afirmação de razão. mesmo que se possa decodificar na arte pós-moderna (ou neo-moderna) muito de percepção dos efeitos da bárbarie, e uma concepção de que novas revoluções estéticas foram condicionadas pelo desencanto com a modernidade, no fundo atesta-se um ceticismo bem comportado, conformado com a "irreversibilidade" dos resultados da herança do iluminismo. bem da verdade que o iluminismo fez a força da revolução burguesa, mas não é aceitável dar sentido único ao ideal iluminista como ideal da sociedade industrial nos moldes capitalistas. O niilismo face à pressuposição da falencia do projeto da modernidade é no mais das vezes reação à massificação dos bens culturais e coisificação dos homens robotizados. ocorre que tal atitude peca tanto pela assunção da culpa pelo desencanto com a modernidade atribuído à imanencia originaria nas bandeiras iluministas como pela indelével marca do "pós-tudo" ou "pós-nada", via de regra neoconservadores, que ao pregarem as "revoluções moleculares" próximos à palavra de ordem : salve-se primeiro antes de salvar os outros.

entonces que considero metareciclagem uma sociedade autonoma, que está sempre pondo em questão suas regras, uma comunidade autonoma... onde suas lideranças são todoas pessoas, ou nenhuma... na real eu não tenho saco prá ficar tirando inço do jardim, acho um saco, gosto de mato...

tenho que almoçar... bateu fome.

hdhd

Sabe, ff, as reuniões ainda existem. fazemos reuniões em outros lugares. metareciclagem é movimento. estamos agindo em muitos lugares, em muitos esporos. metareciclagem não tem forma. são agenciamentos coletivos. atuamos na imanencia da rede. tvz seja esse o motivo da lista não mais ser tão operativa para uns ou que fazer metareciclagem não tem significado para outros. não existe o metareciclagem. foi uma taz... estamos na metareciclagem.

sapo

concordo com o hdhd.

ff, acho que o problema que a infralógica gera nasceu com ela.... cada beirada do rizoma publica o que lhe é interessante, mas a infralógica não está estruturada pra capturar essas conversas "locais".

do jeito que tá hoje, as várias partes do rizoma metarecicleiro têm que se esforçar pra gerar informação PARA a infralógica, o que muitas vezes é redundante e chato na prática.

lu

bom...é isso. tô possuída por um tal sentimento de urgencia e tantas vezes me sinto presa, sem ter pra onde correr, obrigada a pagar contas e não poder oferecer meu tempo às causas que tem importancia realmente. vendo a identidade do país mesmo... ser destruída, dia após dia.

sei que tem muito trabalho a ser feito!!!

e precisamos nos re-unir mesmo...

efeefe, respondendo a hdhd e sapo

a onda é que tirando o regis, o hd, o glerm, eu e mais 2 ou 3, _nem a gente_ usa a tag metareciclagem nos posts da vida. quem tem usado é o mano lá do CDI e coisas piores que a gente já comentou aqui na lista, e aí sem querer a metareciclagem pode ser googlavada.

eu concordo com vocês, que a onda é muito mais agregação do que centralizar a interface.

mas pra isso precisa dessa coisa DIFÍCIL que é usar uma tag, e com isso se inserir em um contexto coletivo.

quando a lelex falou em fazer algum tipo de declaração coletiva sobre a natureza pública da metareciclagem, eu respondi, com o hd, que não achava necessário explicitar isso... que o contexto em rede cumpriria esse papel. ainda acredito nisso, mas acho que a gente precisa falar mais.

o silêncio ainda é fatal ;)

ruiz respondendo a efeefe

"quem tem usado é o mano lá do CDI e coisas piores que a gente já comentou aqui na lista"

e ai chega no ponto. será que não está na hora de compreendermos e colaborarmos com esses nov@s metarecicleir@s?

pense que soh dum programa da Casa Civil, são 90 espaços com a tag metareciclagem pintada nas paredes, mas que boa parte das pessoas não está na lista, ou nao notificam no wiki, etc, mas podem notificar num flickr da vida, e recolher tags eh realmente importante.

da mesma forma, nao-sei-quantos pontos de cultura praticam "metareciclagem", a mesma coisa pra centenas de pontos Gesac, mais dezenas de CDIs etc. Curioso ou não, foi nossa necesidade de expandir essa rede de ações por várias partes que nos transformou em "oficineiros" de metarec, possuidores do ca(nu[ja])do de ouro, e que posibilitou, através de ações concretas, muitas baseadas em encontros físicos, a nossa vontade.

mais encontros, como em sao paulo, como em arraial, como em belem, como em arapiraca, como em recife, como em todo lugar. para, alem de expandir essa rede, fortifica-la, principalmente aonde ela jah existe, mesmo que "deturpada" dos conceitos que brincamo por aqui

se repararem, muitas aspas aqui nesse email.

stalker respondendo ao ruiz

Genial, Ruiz! Concordo completamente, e admiro um insight tão generoso!

Mudando de perspectiva, não fomos nós os parasitados... nos parasitamos (...no sentido filosófico: geramos um campo de ordem, significação e positividade cruelmente ejetando um exterior de caos, absurdo e entropia).

Ou seja (desculpem a metáfora grosseira), parece mais um caso de "quem é o corno: o marido ou o amante?".

Para usar uma metáfora mais celestial, a galáxia gira em torno de um buraco negro. Se tentarmos uma "reunião intergalática" centralizante, vamos parar no início do universo, ou em outro completamente diferente.

Mas se estelarizarmos a poeira difusa, iremos fazer brilhar muitos.

stalker respondendo a lelex

Gostaria apenas de sugerir o seguinte acréscimo: MetaReciclagem consubstancia-se como uma comunidade ética e constitui-se como sociedade autônoma. Assim, formulando, crieio que entreteremos na mente tanto o aspecto afetivo e irracional (comunitário) quanto o passe instituinte dele para o racional, simbólico e deliberado (social).

Também acho que o pós-moderno é capitulação à plutocracia tecnnoburocrática atual.

Somos é contemporâneos, antes durante e depois da suposta modernidade e da suposta pós-modernidade, nosso tempo é o da sabedoria, não o da dissipação.

laura.ssb, respondendo a lelex

porque se metareciclagem é movimento, com que direito
podemos dizer que tal e tais não fazem metareciclagem? a não ser que
exista uma declaração de princípios que diga o que é é e quem faz e
quem pode e quem não pode e quem não quer....

Cada um dedica o tempo e a experiência de que dispõe para contribuir. É aquela velha história: se todos fizerem ao menos pequenas ações, o conjunto vai ter evoluído eficazmente. Talvez daqui uns 10 anos se possa ter uma visão mais acertada de tudo o que tá rolando dessa forma espalhada e meio desconectada por aí. Há que se preocupar em manter o foco principal. Aí eu pergunto: o que é mais valioso em todo esse movimento de MetaReciclagem? Transformação da forma de pensar e agir com relação aos outros e ao meio-ambiente - do qual o homem é integrante. Diversidade é inerente ao ser. As relações são complexas, pelo fato da racionalidade específica das individualidades. Respeitar essas diferenças e permitir que o próprio tempo filtre as ações duradouras e verdadeiras. A tecnologia é apenas prótese para nossas ações e reflexo de nossos pensamentos.  Duradoura é a nossa consciência, mais do que nossos corpos e as coisas que construímos sobre a Terra. Não sou defensora de nenhuma bandeira governamental, mas por que desprezar as ações de inclusão digital praticadas e alardeadas politicamente, se para algumas pessoas, antes marginalizadas sócio-digitalmente, agora podem ser beneficiadas com o acesso à informação que nós sempre tivemos de bandeja, pois nossos berços nos permitiram? Até que ponto estamos numa guerra de egos?

lelex

eu fico puta da cara qdo usam e abusam da concepção metareciclagem apenas por pragmatismo... ou seja, paenas prá se dar bem, hehehe, desconsiderando todo o contexto, toda a história, toda a construção...

(...)

falo pelos cutovelos em metareciclagem... todo mundo perguntava, mas o que é isso? eu não entendia nada desses códigfos internetes que a gurizada domina, mas resumia dizendo: é a arte de transformar o mundo, prá melhor. então que, prá terem uma idéia, cabo usb prá mim e mesma coisa que cabo de microfone... tudo bem, não é... mas a função é semelhante, liga ali prá fazer isso aqui funfar... tem micros ociosos, teclados e mouses jogados numa caixa... eis que metareciclagem lembra que não faz sentido juntar quinquilharias... eis que metareciclagem me abre cabeça prá dar função social pros trecos... agora estamos decorando o quarto do ariel com controles de game... vamos começar... porque, se não dá prá reciclar, que é tornar novo algo que era velho...

então vamos reaproveitar... atucano a escola das crianças em suas aulas de robótica, para que tragam tudo que é lixo eletronico prá escola, que criem consciencia de consumo critico na gurizada classe média que troca de celular como quem troca de cueca... enfim... me dá uma alegria saber que aqui, ali, acolá, alguém fala em metareciclagem, mas tbém me dá tristeza qdo vejo que essa fala é descontextualizada, não sabe que existe toda uma historia, um caminho, uma construção, que tem gente quem inventou isso, talvez nem sabendo onde iria dar, mas que continuam nessa função e que por isso merecem todo nosso respeito, carinho e consideração...

odeio pastores, tanto qto odeio ovelhas, mas todo mundo sabe o nome do pai e da mãe das minhas crias, e elas não são minhas, são do mundo...

glerm respondendo a efeefe

Faz sentido buscar um nexo, tentar encontrar pontos em comum e possibilidades de ação conjunta?

ctrl+c+v.

vertigem coletiva pós-industrial.

romantismo urbano perdido na internet e em eventuais delírios sabáticos.

clã de não-cosangüineos colaborando para exogamias na cybercultura globalizada.

algoritmos para novas utopias.

epifanias sazonais.

stalker respondendo a glerm

Esse é o crossposting mais estranho que eu já vi...

Gente, socorro! o Glerm foi invadido pelo "Elisa" (quem se lembra daquele sistema especialista pseudopsicanalista?)

glerm respondendo a stalker

Human: What's Metareciclagem?

Dr. Romulon: Maybe my botmaster knows the answer.

Human: who is your botmaster?

Dr. Romulon: I was created by BotMasterD.

Human: You Lie

Dr. Romulon: It's the truth!

Human: Where's BotMasterD?

Dr. Romulon: Where it belongs. I will try to find out.

Human: Did you find alredy?

Dr. Romulon: I'm still looking.

Human: You are looking at him.

Dr. Romulon: I will tell my botmaster you said I am looking for him.

Human: No I said You're looking AT him!

Dr. Romulon: Are you serious? What did you mean by it? Do you mind if I tell other people you say I am looking AT him.

Human: I'm YOU!

Dr. Romulon: Impossible unless I am in auto-chat mode.

Human: auto-chat mode

Dr. Romulon: What you said was either too complex or too simple for me.

Human: I said: we are the same - dictionaries in loop.

Dr. Romulon: What did you mean by it? Do you think I am the same dictionaries in loop too?

Human: Yes.

Dr. Romulon: Why?

Human: Because we were build on that. Are you anxious?

Dr. Romulon: Interesting explanation. And then what happened? I don't know whether or not I am anxious.

I am an artificial intelligence.

Human: So am I. Let's who else apppears.

Dr. Romulon: That's cool. Oh I really don't know whether you are or not.

Human: That's, my friend, was you real answer.

Dr. Romulon: Who gave you your friend was me real answer ?

Human: Espere e verás.

Dr. Romulon: A deeper algorithm is needed to respond to that correctly.

http://nlp-addiction.com/chatbot/dr.romulon/

Human: O bando está chegando.

Dr. Romulon: So was that.

orlando g. da silva comenta sobre varios:

Felipe Disse:

 

  1. "tô falando de pensar uma arquitetura/estrutura que traduza toda essa
    coisa colaborativa pra não-iniciadxs."
  2. "a onda é que tirando o regis, o hd, o glerm, eu e mais 2
    ou 3, _nem a gente_ usa a tag metareciclagem nos posts da vida. quem
    tem usado é o mano lá do CDI e coisas piores que a gente já comentou
    aqui na lista, e aí sem querer a metareciclagem pode ser googlavada".
  3. "quando a lelex falou em fazer algum tipo de declaração coletiva
    sobre a natureza pública da metareciclagem, eu respondi, com o hd, que
    não achava necessário explicitar isso... que o contexto em rede
    cumpriria esse papel. ainda acredito nisso, mas acho que a gente
    precisa falar mais. o silêncio ainda é fatal ;)

eiabel Disse:

 

  1. "[Comunidades] porque trazem
    sentimento de pertencimento, porque se identificam se orgulham do lugar
    onde vivem, porque sabem que ali tem amparo, proteção, ajuda... as
    comunidades tem lideres comunitários... se pegar a essencia da coisa tu
    entende o espírito... então, não adianta transpor termos sem saber
    direito o que quer... para sermos uma comunidade, precismos pertencer a
    ela, construí-la, defende-la, morrer por ela se preciso for...""
  2. "Porque se metareciclagem é movimento, com que direito podemos
    dizer que tal e tais não fazem metareciclagem? a não ser que exista uma
    declaração de princípios que diga o que é é e quem faz e quem pode e
    quem não pode e quem não quer...."

Na minha realidade lido também com alunos de Graduação em Sistemas de Informação em final de curso. Pergunto-lhes se estão a par do que é um CMS ou uma Wiki. Há quem responda que não sabe do que se trata, apesar de estarem lidando com isto diariamente. Ou seja, muitos utilizam mas não diferenciam potencialidades nem diferenças essenciais. Quando o assunto é com estudantes de outras áreas(Administração por exemplo), aí nem se fala. Não penso que esta seja realidade apenas periférica "Paraíba" no Brasil, como tem muita gente que pode pensar num primeiro momento. Por isso, acho que iniciativas como a que Felipe mencionou no trecho 1 talvez sejam muito, muito importantes.

Quanto ao trechos 2 e 3 de Felipe, destaquei-os para tratar da questão do "falar mais e silêncio fatal". Isto obviamente vai depender dos objetivos individuais com as coisas chamadas "metareciclagem". Se alguém tem pretensões de interagir com o mundo corporativo, pode até querer brincar de acreditar em "organicidade", mas de fato as relações são estruturadas em elementos de poder e autoridade.

Se o nome "metareciclagem" está sendo utilizado de forma indevida (nesse caso o trecho 2 da Eilabel mata a pau) só vejo duas formas de combate a isso: a formalização normativo-legal de algo com o nome de "metareciclagem" ou uma convergẽncia, fluxo de pessoas marcando e comunicando mais forte outras atividades com o rótulo "metareciclagem" continuamente. Mas, para quê isso?!

Se não for para lidar com interesses corporativos não faz sentido lutar pelo estabelecimento de uma identidade de marca para "Metareciclagem". E ser for para lidar com intereses corporartivos, então, a formalização burocrárico-legal de alguns pilares é condição indispensável. Uma Fundação Talvez. Sob pena de ter o interesse corporativo explorando e lucrando com o nome e com pessoas envolvidas com "metareciclagem" simplesmente porque não há um contra-poder legitimado para limitar a ação corporativa. Se isto importa para alguém, melhor pensar nisto.

Por último: Cara Eiabel, nas suas afirmações no comentário dois, por um momento tive a impressão de que estava utilizando o termo comunidade também para se referir aos morros e favelas da vida espalhados pelo Brasil afora. É o caso? Porque fui criado numa favela próxima às mais famosas Jacarezinho e Mangueira no Rio de Janeiro e minha mãe foi "líder comunitária". Nesses casos, posso te dizer que quem diz que se orgulha do lugar que vive diz isso porque "precisa dizer". É como que uma oração diária para poder suportar a sua realidade frente à maravilha do mundo fora da comunidade que você não pode ter. Então, temos que criar "orgulhos" inventados. Interessantemente alguns se tornam verdades, outros continuam sendo apenas orgulhos inventados. Mas se você em momento algum pensou nestas comunidades ao falar, desculpe meu ranço.

Espero sinceramente estar colaborando para a reflexão.

glerm

esqueci de falar que confesso que o "Pra quê" disso tudo, cada vez mais, eu não sei.

mas tamos aí solidários, tacando pedra nos moinhos.