Os relatos de Isaac em Camaragibe

Camaragibe é uma cidade com cerca de 145 mil habitantes, vizinha a Recife, que assim como sua cidade irmã, sofre com as problemáticas cotidianas que uma cidade tem. Lixo, buracos, pobreza, alagamentos e por ai vai. Isaac esteve lá, fez uma oficina e trouxe relatos para nós:

 

Finalzinho de maio, fui convidado pelo Laboratório de Intervenção Artística Laia, através do Marcone, para realizar uma oficina de metareciclagem em Camaragibe. A oficina faria parte de um conjunto de ações do Ponto de Cultura Tecer. Quem fez a ponte entre o Marcone e eu foi a Raquel Lira, que mora aqui em Recife e conheci no MetaEncontro Ôxe. Eu topei logo de cara e pensei em integrar uma galera que conheço. Convidei Natália Regina e Michel de Souza, que têm um empreendimento solidário - eccologin - e trabalham com meta-arte. Convidei também Suelen Cabral, uma amiga que trabalhou em diversos lugares com a problemática do lixo, atualmente participa de um grupo de estudo NESMA (Núcleo de Estudo, Educação, Sociedade e Meio Ambiente).

Conversamos tod@s e pensamos numa programação para os quatro dias de oficina. O primeiro dia teria um grande bate papo sobre metareciclagem e sobre lixo. Apresentaríamos alguns slides e faríamos provocações sobre o funcionamento sobre problemáticas comuns relativas ao lixo entre outras coisas. Nos dias seguintes, Michel e Natália iriam ministrar uma oficina prática sobre meta-arte, a ideia seria levarmos alguns componentes e exercitar a livre criação. No último dia de oficina, faríamos uma exposição das coisas criadas na oficina de meta-arte e também uma exposição de ideias, do que foi desconstruído, reconstruído.

Isso tudo estava para acontecer entre os dias 18 e 21 de junho, das 16h às 19h. Acontecendo A oficina aconteceu na Escola Frei Caneca, em Camaragibe. A ideia de se fazer em escola pública era de ocupar o espaço, envolvendo estudantes, professores e público em geral. Chegamos na escola, chei@s de ideias, trazendo algumas sucatas, ansios@s. Encontramos o Marcone no auditório, junto com algumas pessoas. Marcone trouxe uma notícia não muito legal, que a escola estava em época de prova, logo os estudantes não poderiam participar. Decidimos então, aproveitar que estávamos tod@s lá, e começar a conversar, discutir. Falamos sobre cultura, lixo, sociedade, consumo, metareciclagens, gambiarras, licenças abertas, CRC Recife e etc.

O papo foi muito legal. Apresentamos os slides e a sintonia foi muito boa. Conheci pessoas fantásticas, como: Mestre Zé Negão, que toca coco de senzala e é engajado no resgate da cultura popular; Mestre Zé Maria, que replica o coco de ciranda, herdada do pai; Rinaldo vulgo Coelho, ativista do meio ambiente que promove discussões e ações ecológicas; Marcone, que agita a cultura popular com as ações do laboratório de intervenção artística laia; Susane, designer social; Isabela, ativista do meio ambiente e participante da laia e a Lana, que também participa das articulações da laia.

O legal foi que todo mundo soube que já era metarecicleiro, mesmo sem saber o que o nome significava. Combinamos o início de algumas articulações em conjunto, como colocar a oficina em agosto (depois das férias ecolares), articulações artísticas junto ao CRC Recife, cineclubismo, caminhada ecológica, apropriações, diálogo com outros espaços, aquisição de um telecentro.