Faz uns meses que fui assistir "O Inferno de Henri-Georges Clouzot". Ontem depois de voltar do encontrinho de inverno tive um reacesso - como diria o @dasilvaorg.
O documentário conta sobre o produto inacabado de Clouzot. Da obra de efeitos cinéticos e recortes impecáveis com orçamento megalomaníaco que se transformou em algo irrealizável e dolorido.
Clouzot em seu surto maníaco, com a sua obsessividade em gerar algo perfeito e imaculado, gerou uma série de desafetos, um infarto e muita mágoa. O oposto da arte - que como dizem muitos é APENAS o lixo do processo.
Anos depois, o caos brincou com Clouzot - já falecido.
Sua viúva e o (agora) diretor do documentário ficaram presos em um elevador. Nessas, surgiu a história durante a permanência forçada. Lembre-se, no Inferno o importante é o elevador - tipo: o que você tá fazendo vai te alavancar pra onde?
A documentação da não-estória virou a obra, um não-produto. Ou seja, os relatos de várias pessoas machucadas por um processo esmagador em prol de um produto idealizado virou o que não era - dada a sensibilidade de alguém que soube sentir a importância de tudo o que ouviu.
Ontem o caos brincou comigo.
Bati (muito forte) minha cabeça pela manhã e fiquei com dores e tontura o dia todo.
No caminho do encontrinho, o ônibus em que eu estava perdeu o freio e quase sofri um acidente.
Mas ao chegar na Matilha fiquei muito contente, pois aquilo que era para ser meramente uma mostra nos trouxe uma conversa importante. Falamos, planejamos e conhecemos o Fábio, novo integrante da lista que viajou da Baixada Santista para nos encontrar. A Sília se esforçou e perdeu sua primeira aula para comparecer. Estavam também a Tati Prado, o Mbraz, o Gera, além do Regis, Ricardo Brazileiro e Teia que interagiram de outros estados por mensagens do celular.
A Teia nos disse:
"Infelizmente não consigo subir os 3 vídeos que fiz para o mutsaz inverno - minha máquina continua na assistência técnica e tô editando os vídeos em lan houses que com essa chuva tá uma droga... distorcendo e corrompendo arquivos, além da lerdeza da conexão. Enfim, deixei pra última hora e deu tudo errado. Mas tô tentando subir os outros 2, espero conseguir isso até amanhã e tentarei corrigir os erros de áudio em outra máquina, esse infelizmente, tá com erro, mas pra não perder a hora, creio que vale....
bjs, teia".
Esse email me lembrou uma frase do @glerm durante o encontro RedeLabs no FISL: "Eu não tenho computador e faço software".
Fiquei muito feliz e orgulhosa dos projetos e todas as coisas conseguidas pelo Mutirão. Pouco recurso, gambiarra, artesanato de volts, low tech. Tudo é MUITO IMPORTANTE, O MAIS IMPORTANTE.
Nossos vídeos, nossa produção tem caminhado no oposto do Inferno: um cenário feito para desenvolvimento de produtos e resultados para público e não para fazedorxs.
Como dizia @dpadua: "o importante são as pessoas", sentir as aflições delas, saber ouvir, saber amar o erro, o improviso e não aceitar se submeter aos moldes e metodologias.
Citando o @efeefe: "preocupar-se em entregar os resultados esperados é ótica industrial. invisibilidade é ação".
Ah, outro #reacesso, daquele postezinho do FISL para pensarmos pro próximo encontrinho: O que é um espaço experimental?
abraço do bando.cartografia