Fabi Borges viajou para Etiópia e tem compartilhado percepções surpreendentes. Fabi ficou de selecionar algumas imagens para o MutGamb (algumas delas podem ser vistas no Faceboook) e escrever algo. Enquanto isso publico alguns recortes do que ela já postou na listas, como o documentário sobre os Mursis sobre beleza e tradição:
E a impressão dela, que não é um texto (segundo o próprio título da thread que foi postada):
A história do mundo pode ser contada pela Etiópia. Lugar que o catolicismo não triunfou, o islamismo não triunfou, judaismo não triunfou, mas conseguiram misturar tudo isso... Conseguiram correr com quase todos os inimigos, e na pior das hipóteses, separaram a parte do país colonizado pelo catolicismo italino, Eritrea. Eles são muito orgulhosos da própria história, com suas igrejas construídas nas rochas e nas montanhas, um cristianismo com Jesus negro, Maria negra, pombinhas negras. Não dá pra separar muito o cristianismo ortodoxo da Etiópia do norte, da história do povo. Eles te perguntam: "Onde Jesus esteve dos 20 aos 30 anos?" Sorriem e dizem: "Na etiopia, of course! rssss..." Mas fora religião, e apesar de não usarem burcas, todos estes tecidos brancos que cobrem o corpo de homens e mulheres só tem sentido no deserto.
Um branco feito de pó, de terra do deserto, com camelos e burros carregando água e pequenas agriculturas. A maioria deles lamentam a morte do Kadafi, dizendo, ele era um líder bom. Nos ajudava. Também suspeitam da revolução comunista que tomou conta do país em 1974, dizendo: "Mas pra quê acabar com toda mitologia? com toda nossa crença e matar nosso rei?" E pra arrematar dizem: "Nós nunca fomos colonizados, essa é nossa pobreza e nossa honra. Mas tudo isso é a parte norte, estamos descendo pro sul, para aqueles que nunca foram submetidos nem pelo cristianismo ortodoxo, que pousam para os turistas com suas máscaras mágicas e desenvolvem ainda uma outra história, a história dos que preferem ser índios, mesmo fakes pros viajeiros, sem abrir mão do seu modo de vida.
Por exemplo? Pagar impostos. No way. Não é deslumbramento, é identificação. Acho que os etíopes do sul e os índios do norte do brasil deveriam fazer uns encontros mesmo! Mas enfim...
Somente aprendendo e perdendo tudo pelo caminho. O deserto dá sede, mas também dá frio, e uma obsessão no olhar. Depois de passarem por tantas coisas me preocupa que sejam massacrados pelo turismo, com seus carros fortes, seus ônibus cheios de gente, só preocupados com museus e consumo, passando por cima dessa história nobre que tanto encanta a gente. A China está cuidando de tudo agora, das suas roupas e das suas estradas. Isso dá medo tambem, e...
Salomão e Sheba, que história bonita. A rainha atrevida o rei galinha e esotérico. Imagino a promesssa na cama: Salomão, honra esse acasalamento, levarei o teu nome no ventre e dentro dele a história de um povo! Honrarei rainha de Sheba! Eu prometo. Essa foda não será em vão.
Existem vários templos pagãos, feitos de pedra, que foram escavados por arqueologistas franceses somente em 1960, nesses templos foram achadas pedras com a imagem da lua e da terra. Vimos algumas, que eram as forças cultuadas antes do cristianismo. Mas o que me encanta ainda no cristianismo etíope é que ele é muito antigo e muito misturado ao judaísmo antigo. Alguns relatos
dizem que eles se apaixonaram por Jesus, mesmo antes da morte dele, por ele andar pelas terras.Estou pesquisando o Espírito Santo no momento, por isso estou interessada no cristianismo ortodoxo etíope. É interessante saber que na Etiópia nasce o rio Nilo, é a terra do Éden (jardim),
assim como a Terra Prometida, para onde os rastas retornaram e construíram uma comunidade rasta internacional. Aos poucos esse universo pré-monoteísta vai se revelando pra nós - mas a aliança Salomão-Rainha de Sabá, cerca de cinco séculos antes de Cristo, foi determinante para a mudança de paradigma da antiga Abissínia.
so para constar