O Mutsaz foi algo bastante discutido, bem antes do encontrinho em Ubatuba. Enquanto alguns continuavam tendo mil ideias, fazendo, mobilizando, produzindo, outros tinham entrado um pouco no piloto automático e uns pensavam no que ele poderia vir a ser. Nesse encontro, tantas vontades puderam se harmonizar.
Uma ideia antiga, presente desde a origem do Mutirão da Gambiarra, quando ainda tinha nome e sobrenome em vez de apelidos, era a tal editoria colaborativa ou mesmo o desejo de se pensar de forma mais cuidadosa no que vai em cada edição. Se, no início, o simples fato de ter um monte de gente participando das blogagens nos alegrava, agora a gente quer isso e muito mais. Ao mesmo tempo em que continuamos ávidos pela documentação das práticas metarecicleiras, esperamos conhecer também aquilo que as permeia e traduzi-las com mais intencionalidade. Tudo isso sem perder, é evidente, a abertura e confiar no poder daquilo que emerge e surge espontaneamente na vida coletiva em rede.
Para focar nesses propósitos, pensamos que ter um editor convidado a cada edição pode ser uma boa ideia. Seu papel é o de sugerir o tema, convidar e mobilizar as pessoas, conduzir as discussões sobre a divisão das tarefas, granas e afins. Além, é claro, de fazer o que um editor já faria normalmente: pensar de que forma os conteúdos se articulam e entrelaçam, dando o tom para todo o resto. É isso... seu papel é de um maestro de orquestra ou baterista da banda. Um, dois, três e lá vamos todos nós em prol do bem comum – uma música que ressoe bem para os outros.
Para colocar em prática essa ideia, acreditamos que o Mutsaz terá que diminuir a sua periodicidade e condensar as estações em primavera-verão e outono-inverno. A experiência dos últimos dois anos mostrou que o trampo é grande. Fazer revisão de textos, projeto gráfico, ilustrações, diagramação e publicação em diferentes formatos é algo que toma tempo. Ao olharmos pra trás vimos edições cujo conteúdo ultrapassou 60 páginas! Concluímos, assim, que em seis meses podemos fazer isso acontecer de um modo melhor, especialmente porque pretendemos incluir um encontro presencial para finalizar o trabalho.
Nossa primeira experiência nessa nova fase já começou. Tati Wells inaugurou a edição primavera-verão, do período de transição 2011-2012, com a chamada "gênero y tecnologia". Cuñá é a musa inspiradora tornada visível pelas mãos da Sília. O convite animado surgiu pelos olhos da Teia. E agora, depois de recebidas as contribuições, vamos descobrir como reuni-las e apresentá-las na virada da estação - abrindo as portas para o Encontrão Hipertropical de Metareciclagem, o terceiro da série, totalmente desvinculado de eventos outros, motivado unica e exclusivamente pela possibilidade de nos encontrarmos.
Ainda como parte da reformulação do Mutsaz, queremos integrar melhor os vídeos em cada edição. Ou seja, o eixo “Micrometragens” se funde com as demais propostas do Mutgamb em vez de existir de forma isolada (arriscaremos até algumas produções pontuais, como essas daqui). Falou-se bastante da vontade de avançar mais na produção livre, nas dificuldades e necessidades de troca sobre o uso das ferramentas. Esperamos que o incentivo à produção de vídeos livres para internet contribua de algum modo com o desenvolvimento desta linguagem e com o aperfeiçoamento dos próprios softwares. Vamos ver no que dá!