Angel no Bailux

Durante essa semana o Bailux/Aldeia Velha recebeu a visita de Angel e Gabriela. Angel tem 39 anos, se graduou jornalista, mas hoje renega o título:

Achei que ia ter uma boa formação em humanas, em redação, em filosofia, em história... rará! Valeram as amizades etílicas e as parcerias que me levaram a viajar fazendo vídeo, rádio, cinema e tv. Ajudei a fazer filmes históricos que venderam milhões de latas de cerveja, carros e papel higiênico. Eles sustentavam um quixotismo que ainda sonha com um povo livre através da democratização da comunicação contra a comunicação que vende, através de cerveja, carro e papel higiênico, sonhos pra quem eu achava que tinha sonho e nada mais.

Angel cresceu no ABC paulista, na época do auge das greves de metalúrgicos. Desde 2005, tenta somar as culturas populares brasileiras às tecnologias para registrar "saberes orais e sonoros, com a força das imagens em movimentos produzidas em computadores livres por questionadoras/es libertárias/os". Regis entrevistou Angel e compartilhou conosco:

O que está achando das atividades Bailux-Aldeia Velha?

Angel: Reencontro Arraial D'ajuda 20 anos depois tão mudada quanto eu. Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho. Dois rápidos passeios na Aldeia Velha me fizeram chegar a algumas figuras guardiães desses tesouros que citei acima. Agora, é fazer por merecer a confiança para ver como ajudar-lhes partilhar isso com domínio da linguagem, dos meios e dos efeitos que essa partilha pode ter. Bailux é uma entidade da qual escuto falar desde os primeiros tempos de Gesac e Cultura Digital e só agora encontro fisicamente. É uma pessoa? Um local? Um trabalho? Um momento? Tudo isso? Acho que chegamos na hora de isso tudo se refundir nos quintais, nas ervas, nas terras-mãe, nas placas-mãe e nas ondas do mar-ar.

O que mais chamou sua atenção?

Angel: Curioso é o movimento-momento de convergência: vários polos e focos pela volta às matérias e aos materiais do espiritual: o plástico e os metais dos computadores saíram da terra, e pra terra voltam através de pessoas que semeiam, em campos e cidades, ligações curiosas como as que acontecem aqui: da permacultura com a cultura permanente de afroindígenas evangélicos, das capoeiras-paz-amor-e-porrada em casa de senhoras católicas com a afrociberdelia-metarecicleira. Pode isso proporcionar um fim-começo diferente daquilo que fatalmente-vivamente virá? Vejo muitas pessoas se movendo por isso, isso chama atenção.

Gostaria de desenvolver algum projeto por aqui?

Angel: Estar perto das crianças, aprender com elas, viver com elas, para elas. Nossa Inaê, de 2 anos, pede histórias 25 horas por dia. Gostaria de produzir, com elas, estórias pra ouvir, pra ninar, amar. Fazer isso e tudo mais. Ou melhor, só fazer coisas que as crianças que estiverem em volta gostem. Pra ter criança em volta, sempre.

adjuntório

Salves, Maira e nobilíssima gambiarragem! Parabéns pelo espaço, obrigado pelo espaço. Agradeço a edição carinhosa, mas explicamos mal: não estivemos em Arraial D'ajuda. Estamos e ficaremos mais um mês, para uma troca mais lenta, calma e, esperamos, profunda. E daqui, seguiremos morando com outros amigos que, como o Régis e os pataxós, tem trabalhos interessantes onde nossos parcos conhecimentos, entre eles os audiovisuais livres, possam ajudar. Os principais caminhos dessas viagem se baseiam nas pessoas e ações das redes www.mocambos.net e www.indiosonline.org, então, daqui pra Olivença, Itacaré, Cachoeira... e muitos pings depois, Santarém, com o Puraqué. Sem prazo, sem pressa. Na escuta e na antena! Beijos Angel