Em meio a notícia de que uma aluna da UNICAMP desenvolveu um sistema educional por meio de SMS, às vespéras da EncontADa, surgiram mais comentários na thread do The Ugly Underbelly of Coder Culture.
Iuri Martins:
Agora acho que o assunto central do texto é que a área de desenvolvimento de software é dominada por homens jovens, e homens mais velhos são excluídos. A primeira parte é toda sobre a exclusão das mulheres. Não importa a idade, todas as mulheres são excluídas da área e inclusive tem um depoimento de uma mulher que praticamente sofria bullying e sexismo diariamente no trabalho onde ela era a única desenvolvedora.
Eu estou traduzindo o texto, se tu precisar ou quiser divulgar ou usar pra alguma coisa. Só não mando agora porque tenho certeza de que está confuso, precisa de revisão (essa insônia em vez de me ajudar me atrapalha). Eu posso dar a minha experiência pessoal por enquanto. Estudo Análise e Desenvolvimento de Sistemas no Ceará em uma turma de uns 30 homens. Nas duas turmas que eu frequento não chega a ter 5 mulheres, sendo que 4 não sabem o que estão fazendo (provavelmente estão lá porque o pai acha que aquilo vai dar dinheiro, ou só pra estudar na mesma sala do namorico). Tem só uma que frequenta assiduamente as aulas, mesmo tendo muita dificuldade ela sempre fala com o professor depois da aula e tira as dúvidas. Na turma que eu estudava no Rio Grande do Sul tinha uma minoria de mulheres mas tinha mais que 5. Sendo que pelo menos 3 delas estavam interessadas na aula, e outras duas mais novas que não estavam totalmente decididas acabaram se interessando.
Nos lugares onde eu trabalhei nessa área nunca vi nenhuma mulher. Se tinha alguma mulher estava fazendo alguma coisa que não tinha absolutamente nada a ver com desenvolvimento. Uma vez botaram uma do meu lado na ilha, até fiquei surpreso mas ela era assistente de suporte.
Isso não tem nada a ver com o assunto mas lá vai: uma vez entrei em um grupo de mulheres que se diziam "geeks". Entrei neste grupo na esperança de compartilhar conhecimento sobre programação. Na verdade elas eram um grupo que colecionavam pen drives de cor rosa ou de hello kitty, jogos como Barbie Super Model (que nem é um jogo bom) e outras coisas assim. Eu falei isso pra dar a minha experiência sobre a afirmação do texto original que diz que o desenvolvimento de software não atrai a mente feminina.
Bom, na história temos a não tão famosa Ada Lovelace, a primeira programadora, que fez o programa para a máquina de Babbage, inclusive isso foi muito importante para a história da computação. Entretanto parece que com o tempo realmente o desenvolvimento de software sempre seguiu um norte baseado na mente lógica do homem.
Helder:
O pouco que aprendi de programação foi através de 3 profissionais que trabalham num projeto da Petrobras do qual faço parte, de desenvolvimento de algorítimos para interpolação linear de grades irregulares de dados oceanográficos e meteorológicos. Enfim, aprendi diretamente shell e python - ferramentas pra nós, usadas diariamente - com uma profissional de uns 29 anos. Aprendi os conceitos por trás do sql e BD em geral com uma recém formada, de uns 26 anos. E fortran com uma matemática de seus 40 e tantos anos. O projeto contava com alguns programadores homens, claro. Mas, incrivelmente, acho que a generosidade intelectual das mulheres me aproximou delas nesse processo de aprendizagem.
Iuri:
Sim! Trabalhei num lugar, na hora do almoço eles desligavam as luzes e iam jogar Counter Strike na sala de treinamento e me deixavam trabalhando no escuro. Pode parecer besteira mas essa cumplicidade (nunca foi nenhuma das mulheres e nem um dos adultos jogar Counter Strike junto com eles) e esse comportamento são reflexos claros do escopo deste texto.