Cinco emoções criadas pela internet

por @leighalexander, traduzido por @amandawy
original em http://thoughtcatalog.com/2011/five-emotions-invented-by-the-internet/

Uma indefinida e corrosiva pontada de ansiedade concentrada numa janela aquietada de um desses mensageiros instantâneos. Durante a espera, a pessoa sente-se insegura: teria ofendido o interlocutor, cometido uma gafe no mundo das mensagens instantâneas ou de alguma forma estragado sua auto-apresentação cuidadosamente elaborada, até agora, graças aos milagres do meio textual? A pessoa deve ter pelo menos uma vaga consciência de que está sendo levemente paranoico e dizer a si mesmo coisas como “ele provavelmente só se afastou do teclado” ou “eu sei que ela está no trabalho agora e talvez tenha parado de responder porque está ocupada”. 

Esse sentimento de ansiedade deve vir à tona somente após um breve lapso (de 30 segundos a 1 minuto) no ritmo da conversa e a pessoa deve dizer a si mesma “foi só 1 minuto, não se preocupe”. A pessoa pode ponderar sobre suas conversas anteriores com o mesmo ou outros interlocutores na tentativa de avaliar se a pausa é “normal” ou indica algum sentimento. A pessoa pode ter a frequência cardíaca aumentada e experimentar uma sensação de despersonalização e, enquanto observa a tela com uma expressão fora de foco, ter pensamentos catastróficos sobre seu romance, sua capacidade de ser amado no futuro ou seus principais defeitos. 

Uma raiva súbita e irracional devido a um reply no Twitter. A resposta não é especialmente ofensiva e pode ser simplesmente só pouco gentil, ou petulante, ou mesmo muito amigável. É essencial que o gatilho não seja realmente perturbador ou ofensivo de qualquer maneira compreensível. Por exemplo, um completo desconhecido, que tem um avatar tolo no Twitter, poderia tuitar para alguém “espero que você esteja seguro na neve [nome!]” de uma forma totalmente razoável e amigável, mas o destinatário experimenta um súbito sentimento negativo, como “quem é essa pessoa e o que faz alguém aleatoriamente desejar a segurança de um estranho? Provavelmente é um perdedor, estou ofendido com a atenção desse estranho subserviente”. 

Ou a pessoa pode tuitar solicitando recomendações para o que assistir em Hulu e receber uma resposta que diz “você já viu [x]’, onde ‘x’ é algo completamente óbvio que todos já viram” e a pessoa sente o forte desejo de responder alguma coisa maligna ou tuitar “Por que existem idiotas me seguindo? Quem são essas pessoas?” Durante a imediata explosão de irritação, a pessoa está vagamente ciente que a sua reação é completamente inadequada para a situação de ser abordada por estranhos na internet de uma maneira menos que desejável. Em casos avançados, a pessoa tuita algo severo ou malicioso sobre a sociedade ou a internet e apaga 15-30 segundos depois de perceber que a atitude foi excepcionalmente injustificada. 

Estar “instalado” em frente a um computador ou notebook por um longo período sem propósito, caracterizado por uma obscura e disforme ansiedade, talhada com algo duro como o desespero. Durante esse tempo, a pessoa terá várias janelas abertas, geralmente diversas abas em algum navegador, um documento incompleto num editor de textos, a própria página do Facebook, bem como a de outra pessoa aleatoriamente selecionada, que pode ou não estar na sua lista de amigos, 2-5 chats inativos, possivelmente o iTunes e um cliente para o Twitter. A pessoa irá alternar entre as aplicações/abas abertas de um modo que parece organizado, mas é funcionalmente sem propósito, voltará a ler algum post num blog e distrair-se no terceiro parágrafo pela terceira vez antes de mudar para a caixa de entrada do Gmail e atualizá-la novamente. 

Esse comportamento equivale a estupidamente atualizar e esquadrinhar as mesmas fontes de informação repetidamente. Ao executar este comportamento, a pessoa tem uma sensação de despersonalização dormente, tornando-se calma e pragmaticamente ciente de que não tem necessidade de estar ao computador nem está agregando qualquer utilidade prática naquele momento. E a pessoa pode sentir-se vagamente desconfortável e envergonhada por esta consciência em harmonia com o fato de continuar com o inútil comportamento de atualizar as páginas. Ela pode sentir-se cada vez mais ansiosa e indispensável, similar à sensação de ter uma sarna que precisa ser coçada ou uma sede que precisa ser saciada, tudo isso enquanto sente-se calma ou levemente entediada. 

Uma explosão de desejo e desconforto é sentida simultaneamente quando alguém usa a internet para procurar e consumir imagens ou informações que podem ser consideradas indecentes ou inadequadas. A pessoa pode estar vendo um vídeo no Youtube de um péssimo desempenho musical, uma embaraçosa performance de stand-up feita por um amigo ou qualquer outra coisa clicada para ser educada num bate-papo, a qual ela nunca teria chegado navegando sozinha na internet. Apesar de estar sozinha, provavelmente usando fones de ouvido, ou em uma situação de privacidade, a pessoa ainda se sente um pouco consciente de uma forma que só é possível no eco do silêncio digital, sob os olhos populistas da internet. É improvável que a pessoa seja capaz de fazer mais do que uma avaliação superficial dos meios transgressivos, e pode vivenciar a sensação de sofrimento apesar de ela escolher, ou acreditar que escolhe, visualizá-los. 

Em casos avançados, entretanto, a pessoa continua buscando contato com os meios transgressivos e ramificações ou evoluções referentes a isso, como encontrar um grupo de usuários do Tumblr que parecem inconsequentes e lançar-se rapidamente pelo Tumblr enquanto pensa “quem diabos iria fazer este tipo de Tumblr, como pode haver tantas pessoas fazendo isso?”. Ou encontrar usuário de Formspring extremamente chato e detestável e pensar “Deus, que pessoa terrível” ao ler 6 páginas de perguntas respondidas. É análogo a fumar um cigarro enquanto pensa “ugh, fumar está lentamente me causando câncer” e terminar o cigarro, exceto por ser expandido a um nível de cenário emocional e ser muito mais preocupante, de alguma forma. A pessoa pode experimentar uma sensação de ardor ou rubor no rosto e orelhas. 

O sentimento de fadiga e incoerência é vivenciado depois de emitir um fluxo maciço de conteúdo apenas para atingir uma espécie de muro e esquecer e/ou abandonar a coisa toda. Surge mais comumente quando a pessoa começa a digitar um comentário num site, como uma resposta cuidadosamente ponderada a uma notícia, geralmente com a finalidade de participar da discussão que está ocorrendo na seção de comentários, embora isso possa se aplicar a um post ou uma nota no Facebook. A pessoa começa com um impulso concreto para produzir um argumento escrito e escreve com intensidade e rapidez até perceber que já escreveu 2-4 parágrafos, altura em que começa a sentir-se consciente sobre o que acabou de escrever e imaginar se o tamanho do comentário é adequado. 

Então a pessoa começa a editá-lo para ser mais concisa e objetiva, adicionando alguns detalhes e removendo outros, até passar um tempo inaceitável e sentir-se cada vez mais incerta sobre o que estava escrevendo. Ela pode sentir como se o fio da meada tivesse se perdido e que cada parágrafo do desregrado texto fosse mais pobre que o precedente. A necessidade de dizer algo caducou e deixa no lugar uma sensação ofuscada, cansada. Em casos avançados, uma sensação semelhante à dor de cabeça, mas não tão tangível ou identificável como uma dor de cabeça, começa. 

A pessoa deixa seu conteúdo inacabado na caixa e torna-se super-consciente de sua natureza transitória enquanto navega sem rumo por outras abas. Retorna ao conteúdo em andamento como que para assegurar que ainda existe. Lê o texto pela, talvez, décima vez e então aperta ‘ctrl-a’ e ‘backspace’ ou ‘delete’ e sente uma onda simultânea de alívio e impotência quando o texto desaparece. A pessoa sente-se dizimada, despersonalizada e impotente enquanto permanece parada por um punhado de segundos e pode sentir-se deprimida por vários minutos depois.