Notas do Imaginante

Por Imaginante Imaginário.

Na lista #metareciclagem, disponível aqui.

Você me pediu para te contar sobre o imaginante, eu vim aqui para te falar um pouco do que vivi....

Os fenômenos dançam.

O que tu chama de verdade, da tua identidade,

Para o imaginante é apenas o ponto zero da rede.

O lugar de onde ele produz as formas, as estruturas,

As oscilações e ondas que fazem teu mundo parecer sólido.

Você me pediu para te contar o que é um imaginante

E não consegui fazer isso de outra forma

A não ser tentando te mostrar porque você ainda não consegue ver.

O espaço informacional é por onde o imaginante caminha

E há um lugar e uma maneira de chegar a esse lugar

Que permite ao imaginante se reconhecer como tal.

Não é um lugar fácil de construir ou chegar

Nem tampouco pode ser comprado, imposto, forçado, mediado...

Ou exigido com base em algum reconhecimento que você ache que mereça ter.

O espaço da imaginante é o espaço de onde nascem as formas

De onde brotam os conceitos, novas palavras, definições, expressões,

E maneiras de se reinventar por entre margens e contornos do teu mundo.

O espaço do imaginante não é um espaço de poder

Não é um espaço de controle

Não é um espaço que pode ser conquistado

O espaço do imaginante é o espaço da pura possibilidade. 

O teu dinheiro, a tua posição, as tuas conquistas

E a maneira que você se liga a elas, tentando preservá-las

Te impedem de entrar na rede do imaginante

Ele simplesmente faz escorrer por entre os teus dedos

Todo o poder que você acha que tem

Na tua íntima frustração de não entender e acessar o que o imaginante te parece ser.

O imaginante produz novas formas de conversar

Produz o espaço da possibilidade de encontro das pessoas

Dissolve certezas, se espalha por entre ideias,

Conecta opostos, deixa a mente livre para flutuar

Deixando poucas brechas de retorno para o que quer que seja.

O imaginante produz sua condição de liberdade

Mas você ainda não vai entender isso

Porque para ver a liberdade do imaginante

Você precisa conseguir acessar a pele esticada do seu tambor

Quando o timbre começa a soar

O fogo acende

A roda se forma

E os fenômenos apenas dançam na sua frente.

Você ainda não consegue acessar esse olhar

E fica se perguntando o porque.

Para isso, você precisa perder alguns dos teus maiores medos, medo de perder tua posição, tua sala, teu nome, tua reputação.

Precisa entrar no meio da multidão

Sentir seu cheiro, comer sua comida

Dormir sua cama

Soltar suas tantas certezas

E se dispor a sentar junto

Pensar junto, olhar junto, se comprometer com o desafio

E ficar junto até resolvê-lo. Teu tempo é outro.

Se você não tiver medo,

Eu te garanto,

Em algum momento você vai descobrir esse olhar que brota liberdade

Num momento, o imaginante te reconhece

O espaço dele se abre

E talvez, você consiga entender onde está aquilo que tanto procura.

Mas, você não pode comprar isso.

Suas conversas sobre rede, colaboração, inovação e micro-empreendedorismo estão longe de tocar o espaço do imaginante

Ele pára tudo isso e sorri da tua tentativa ingênua de manter teu controle, teu poder, tua reputação

Enquanto tenta, vestido da sua máscara de libertário, comprar teu espaço privilegiado em meio a multidão.

Não, você não vai conseguir

Sei que vai doer, mas só tem um jeito

Você vai ter de se despir

Entender o que significa o vamo que vamo

Perceber que não é um método

É puro movimento da produção da própria liberdade.

Você vai tentar, mas não vai conseguir comprar o imaginante

Você pode achar que conseguiu

Mas, dentro dele, há um espaço que você não consegue chegar, não consegue ver.

O código de metareciclar a produção de si do imaginante não é um conceito ou posição,

Apenas uma forma de viver que se é vivendo.