oi felipe, tudo bom?
demorei para fazer algo no mutirao, vou mandar agora pelo formulario os textos que encontrei para nao deixar passar mais tempo... este primeiro foi um texto que o ricardo ruiz me pediu para preparar em outubro de 2005, quando trabalhavamos juntos no cultura digital, acho que era para um fanzine do festival tangolomango, mas nunca saiu lah, ai eu acho que ele publicou no antigo blog rio.metareciclagem.org mas nao consigo encontrar rastros concretos no meu gmail... acho que tb circulou pela lista do meta tb. o dalton reenviou lah pelo menos em 13/06/2007.
abraco
tori
…Metareciclagem… Dei uma olhada no site (http://www.metareciclagem.
Ah,
vocês vão dizer, é inclusão digital. É, e
não é. Mesmo se muitas das ações de MetaReciclagem
inserem-se no contexto da 'inclusão digital', existem
diferenças de opinião entre @s metarecicleir@s sobre a
validez do próprio conceito. Na verdade, os metarecicleir@s gostam
de propor novas terminologias para coisas que já viraram
vocabulário comum no Brasil, e em outros lugares do mundo. Parece
ser uma forma de estimular reflexões, de evitar a facilidade ou a
preguiça de usar um término geral - que já virou quase
uma marca no caso da inclusão digital - para descrever coisas que
nada tem em comum a uma com a outra. Debaixo do grande guarda-chuva da
inclusão digital tem projetos e inciativas com objetivos e
filosofias e ações totalmente diferentes.
Lógico, então, que as pessoas envolvidas com Metareciclagem
(minha tendência é sempre falar 'o projeto' ou 'a
Metareciclagem' mas acho que não seria correto neste caso…
como o site explica, as pessoas não são a Metareciclagem,
são pessoas que fazem Metareciclagem, e a Metareciclagem não
tem sede, têm esporos, ou seja, pessoas que fazem Metareciclagem num
lugar, envolvidas em planejamento, pesquisa e o mais importante,
experimentação) tampouco gostem de falar de telecentros.
Preferem dizer que criam redes a partir de ConecTazes.
O que diferencia um
ConecTaz de um telecentro é que não tem como
objetivo proveer o simples acesso à internet. Bom, na verdade, acho
que já existem muitos telecentros que visem oferecer um
espaço para bem mais do que o simples acesso à internet, e
também existem muitos términos diferentes para este tipo de
espaço, mas o término padrão continua sendo
telecentro. E virou uma coisa padrão mesmo. Por isso a necessidade
de criar novos conceitos, e estar sempre questionando e inovando. A ConecTaz
é especificamente uma intervenção que visa a
criação de redes sociais de troca e conversas - pode ser
permanente ou temporária, fixa ou móvel, mas utiliza-se de
software livre por princípio.
Voltando ao
início, para reforçar novamente: Metareciclagem é uma
idéia. É também uma metodologia, um nome que algumas
pessoas usam para definir e identificar uma maneira de lidar com a
tecnologia. A beleza de ser idéia ou metodologia é a
liberdade e a flexibilidade que isso proporciona para a
aplicação da mesma. Metareciclagem também é um
movimento que surgiu de baixo para cima e que permanece aberto a quem
quiser participar. O que é inspirador na metodologia, na teoria,
é que tenta ir além das supostas barreiras que separam as
pessoas da tecnologia, especialmente as pessoas com menos
educação, com menos recursos, e por meio de
ações práticas, e conhecimento compartilhado, coloca
as pessoas no controle, com a capacidade e a confiança para decidir
o que elas querem fazer com as ferramentas. Desmistifica a tecnologia. Na
Metareciclagem, tudo mundo pode – e deve – lidar com a
tecnologia. Isso vai desde a montagem e a pintura das máquinas em
si, até o uso dessas máquinas uma vez montadas e instaladas.
Como diz um dos fundamentos da Metareciclagem, "nenhuma autoridade
deve ser concedida àquele que entende mais sobre
computadores".
A Metareciclagem é guiada por duas coisas, ao mesmo tempo objetivos e
princípios – a autonomia e a sustentabilidade. As duas vem da
apropriação. Autonomia, é a apropriação
da tecnologia por comunidades e usuarios como "ferramenta de
expressão, de produção simbólica, de efetivo
domínio do saber-fazer e adaptação à realidade
local". A sustentabilidade vem do ponto de partida dessa idéia,
ou seja, a sucata tecnológica, da qual são construidos novos
computadores, desta vez, que pertencem àqueles que as reciclaram. No
mesmo tempo que é construido uma nova máquina, é
construido um novo conhecimento, aberto e compartilhado, que também
pertence àqueles que participaram do processo. Essa visão da
sustentabilidade não é somente social e tecnológico,
é também econômico. O processo de reciclagem do lixo
tecnológico gera seu próprio lixo, que por sua vez pode ser
vendido para gerar recursos. Os computadores reciclados também podem
ser vendidos, como base de um empreendimento popular.