/maira begalli
Original em http://bikini.veredas.net/2009/09/eumetarec.html
Um dia desses tive a oportunidade de revisitar, escrever, editar, ler e pirar em muitas coisas do arquivo da rede. Por isso foi complicado decidir o que iria escrever/postar. Cheguei a separar muitos links, escrever e deletar - muitas vezes. Mas não estava bom.
Como propusemos a questão da interdependência, pensei que seria interessante (ah tudo bem, inte- ressante é pretensioso demais, então, divertido) aplicar esse termo para eu_no_metarec.
Foi uma inquietação simples, embora presente em muitos dos materiais que li: ninguém participa de uma rede isolado ou sozinho, ninguém faz parte de um coletivo se não compartilha de algumas atitudes, princípios e identidades. Googleei meu primeiro email para lista, e apliquei um exercício comum ao meu dia-a-dia, o de não me prender aos fatos do passado, mas construir um futuro novo para poder olhar as coisas de outra perspectiva. O efeefe usou uma expressão: “passado fluído” . eis uma parte do meu:
Em 26/01/08, Maira Begalli, escreveu: Olá, Meu Nome é Maira Begalli, tenho 23 anos. Fui convidada pelo Felipe para entrar aqui ;) Sou jornalista e Gestora Ambiental, terminei minha pós em Comunicação Jornalistíca, voltada para apropriação da mensagem no multimídia.
Trabalhei como assessora de moda internacional durante 5 anos.
Nunca gostei do que fazia pelo niilismo do meio, pela pandemia do eucentrismo que domina o habitat fashionista. Porém, nele aprendi muita coisa, como analisar a sociedade, e como ver várias coisas que ficam escondidas de muitos. Fiz contatos importantes. E, em julho/07, decidi parar porque não aguentava mais. Era como seu eu tivesse um alterego, e não sabia o motivo pelo qual fazia aquilo. Então comecei a fazer freelas. Estou como correspondente de uma revista digital de Portugal muito bacana - que ainda não foi lançada – e busco consolidar algo agora.
Bom, meu projeto tem a ver com a Era da Iconofagia, que é latente na sociedade contemporânea. Nela as pessoas foram engolidas por imagens midiáticas, que propunham sonhos e significâncias em uma linguagem rasa e instantânea. Ícones que se tornaram mediadores das mensagens e hipnotizadores ao mesmo tempo. Isso é mais latente nos jovens, mais expostos à linguagem publicitária – que, por sua vez, se apropriou da arte (esta intrínseca ao homem) - mais do que qualquer outra geração.
Esses meios criaram mensagens globais, não mais de comunicação ou informação, mas de exposição. A máxima do Espetáculo de Debord: só o é bom aparece, e todas as coisas boas passaram a ser ligadas a experi- ências de marca e consumo. O portal criado pelo SPFW (www.spfw.com.br) fez isso. Ele se apropriou dos conceitos de colaboratividade, que nós defendemos e estuda- mos. E criou o My SPFW (porque todo mundo quer ser famoso e lindo).
Hoje reconheço algumas partes de texto. Naquela época eu estava bem mais perdida, buscando novas possibilidades, buscando não caminhar mais sozinha, poder ajudar e ser ajudada.
Um ano e meio é relativamente pouco tempo, mas de lá pra cá consegui desviar para alguns lugares legais.
E, dentro desse período, estabeleci alguns vínculos importantes com pessoas da rede. Pessoas com quem pretendo cultivar projetos, sonhos, vidas livres.
Se tudo isso existe? Jardinando descobri que “depende” :P
Em 13/07/2004:
efeefe: Na prática o nome MetaReciclagem é uma bandeira pirata, usamos quando necessário pra subverter preconceitos mentais de pessoas que ainda pensam como no século XX - a marca Kolynos é dentes brancos, a marca Omo é roupas brancas, a marca Medellin é outras coisas brancas. Não podemos acreditar no poder da marca. Não podemos levar “o metareciclagem” a sério, porque nada pode ser levado a sério. Essa correria toda que a gente faz é só o começo de uma uma época de inovação. Anota aí: daqui a sete anos a gente vai olhar pra trás e rir. Ou chorar. Não podemos acreditar que o que já fizemos até agora é a grande revolução. Essa ainda nem começou.
fernando: Quando falo do grupo para pessoas de fora, chamo de metareciclagem.
efeefe: Perfeito. Estratégia pirata.
fernando: Quando saio de casa para encontrar o grupo digo a minha mãe que fui encontrar o metareciclagem pois se disser que fui ao encontro do grupo que não existe ela pode achar que estou com febre.
efeefe: Melhor ainda.
fernando falando para o amigo: Não leve muito a sério essa história do grupo que não existe, o grupo existe mesmo sem existir, é inevitável.
efeefe: Sim. Existe e depois inexiste. E existe como conceito com todo mundo que quer conversar sobre tecnologia social. E existe como identidade de um grupo de pessoas que está trabalhando em menos de meia dúzia de projetos.