Fabs puxou uma discussão na lista sobre a sociedade do controle e exposição da vida nas redes sociais:
Acho importante este debate. Sinto na pele a fala do Eugène Enriquez quando diz que: "aqueles que zelam por sua invisibilidade tendem a ser rejeitados, colocados de lado ou considerados suspeitos de um crime." Muitas pessoas acham bizarro eu não estar no Facebook. As que já me conhecem levam numa boa, mas quem não me conhece normalmente não entende e me olha com desconfiança. Isso também bate com a tese sobre privacidade que eu traduzi no Idéias Perigozas, na Introdução à Sociedade de Controle. Nada melhor para esse controle do que tirar o direito a privacidade das pessoas, e melhor ainda se elas mesmas se autopoliciarem para confessar o máximo sobre si em público. E aí a economia de tocaia, a economia dos espiões, lava a égua sem gastar um puto com pesquisa.
E citou trechos de Zygmunt Bauman em Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias:
"O novo pendor pela confissão pública não pode ser explicado por fatores 'específicos da idade' – não só por eles. Eugène Enriquez resumiu a mensagem que se pode extrair das crescentes evidências coletadas em todos os setores do mundo líquido-moderno dos consumidores: Desde que não se esqueça que o que antes era invisível – a parcela de intimidade, a vida interior de cada pessoa – agora deve ser exposto no palco público (principalmente nas telas de TV, mas também na ribalta literária), vai-se compreender que aqueles que zelam por sua invisibilidade tendem a ser rejeitados, colocados de lado ou considerados suspeitos de um crime. A nudez física, social e psíquica está na ordem do dia".
E uma publicação da Forbes, the Stalker Economy:
"All too often what customer-centric companies mean is that they have the customer centered neatly in the cross-hairs of an elaborate mechanism tuned to bop them in the brain with “messages” so they’ll part with more of their cash. It’s the well-known consumer mass-marketing engine, now greatly refined. All the new personal data that’s pouring into the online world is making it much easier to aim these mechanisms (at us, of course). The resulting environment is what my friend Mary Hodder calls the Stalker Economy".
Orlando, comentou:
Queria poder organizar melhor a sequencia da tredi e entrar forte nesta conversa, que me toca, passa por toda uma luta de anos, de sofrimentos atuais e passados, de vivências quase sempre incompreendidas mas o tempo não tá deixando, ainda não estou conseguindo dobrá-lo. O Henriquez escreveu um tempo atrás um lance que deixou a marca do nome dele na minha cabeça, foi um dos responsáveis por me fazer querer fazer outra "administração". Fui ler o texo do Bauman, cheguei na metade. Bem um lance que eu tava falando um dia desses sobre pessoas e produtos. reacesso geral! É só o primeiro capitulo, né?! Tem mais de onde veio esse?
Arlekino, respondeu:
Na verdade, o Bauman faz várias versões do mesmo argumento, nos livros dele. Além de Vida para o Consumo, eu li Comunidade: busca por segurança no mundo atual. Muito bons. Mas muita coisa do argumento do Bauman já está na Sociedade de Consumo, do Baudrillard. Cês já leram esse? Users like you? Theorizing agency in user-generated content. E aí, essa tema já está ficando tão recorrente (sempre diferente) de um jeito que às vezes penso que podíamos em montar uma sucursal da Privacy International entre nós. Eu ia falar no Google Watch e do Scroogle... alguém entendeu o que aconteceu?
Fabs:
Os domínios que o cara mantinha viraram campo de batalha entre sysadmins e crackers. Aí ele radicalizou e tirou tudo do ar de uma vez.
"I no longer have any domains online. I also took all my domains out of DNS because I want to signal to the criminal element that I have no more servers to trash."