Sobre comuns e explorações

Na semana passada a Universidade Nômade publicou o texto "O Comum e a Exploração 2.0", sobre o chamado capitalismo cognitivo e a articulação das redes. Thiago Novaes também publicou um texto em seu blog, e Ivana Bentes (ambos membros do Comitê Executivo do Fórum de Mídia Livre) comentou no GT Cultura Digital:

Completando. O texto do Thiago Novaes faz ótima análise da questão da Constituição do Comum. Sem maniqueismo e sem pretender "carimbar" e desqualificar todo o campo em construção da Midia Livre (incipiente e frágil). O mais lamentável no texto ao qual ele responde (a miséria da teoria pronta aplicada aos "desafetos"!) é o principio da "autofagia", a Antropofagia dos fracos, que se volta contra os que estão mais próximos e usa o "coletivo"  para se esconder.
Sou (devo estar sendo expulsa pelo "comitê central" rs) da rede Universidade Nômade desde 2000 e não fui consultada sobre esse texto "coletivo", como não foi o Fabio Malini, nem vários outros companheiros, dos que restaram. Não compartilho a "desconfiança" do texto do Novaes de que o processo que vem sendo experimentado por redes e coletivos como o Circuito como o Fora do Eixo, a Ação da Cultura Digital, por centenas de Pontos de Cultura, que se baseiam igualmente na colaboração, criam moedas complementares,  e estão inventando e se arriscando num novo "commonismo"  seja uma "esperteza ao contrário".
Os zilhões de  autônomos, diplomados sem empregos, sub-empregados, camelôs, favelados, contratados temporários, designes, artistas, midialivristas, atores, técnicos.... ou “vendem” sua força livre de trabalho com atividades flutuantes temporárias, ou se ORGANIZAM e INVENTAM o próprio emprego/ocupação e novos circuitos, como tem feito o Fora do Eixo e outros coletivos que vem resignificando e potencializando suas VIDAS de forma coletiva, num laboratório extraordinário.
Há 3 anos atrás o Re-Cultura do Rio propôs o debate sobre os trabalhadores autônomos, da cultura e de todos os campos. O partido/movimento  da Cultura, o PCult também começa a discutir a questão, inclusive da renda minima universal. O comum não tem dono!
 

Convidei a Universidade Nômade para responder algumas questões.  Um comentário pertinente do Bruno Tarin (Universidade Nômade) durante nossa troca de emails foi:

A questão é que a teoria e o pensamento crítico servem para produzir mundos, reflexões não são e não deveriam ser vistas como descoladas da vida, da prática.

Como vocês enxergam, que a MetaReciclagem contemplada como Ponto de Mídia Livre por duas vezes consecutivas não tenha sido convdada para integrar o Fórum de Mídia Livre de 2012?

Os midialivristas só souberam da existência do Terceiro Fórum de Mídia Livre quando este já se encontrava totalmente formatado com Grupos de Trabalhos definidos por um grupo executivo. Não houve a nosso ver uma constituição aberta desse Terceiro Fórum de Mídia Livre, processo aberto que tornaria desnecessário "convidar" na medida em que todos, MetaReciclagem entre muitos outros Ponto de Mídia Livre Brasil afora, poderiam colaborar livre e efetivamente desde o início. Quando essa crítica foi feita, alguns membros do Grupo de Trabalho executivo se defenderam invocando a legitimidade da sua representação.

Como vocês responderiam essa pergunta: "O que está em jogo nesses consensos cada vez mais impermeáveis e institucionalizados, que são reproduzidos, muitas vezes na sua essência acriticamente, nos fóruns e encontros culturalivristas e midialivristas?"

O que está em jogo é a sobreposição de um modelo empresarial – um "novo modelo de negócios" – à vida política. É na empresa que o consenso se faz necessário pois busca-se cumprir objetivos, resultados, faturamento. Na vida política o que importa é o processo e a abertura ao dissenso e numa perspectiva democrática é a liberdade e a produção colaborativa (que não abafe as diferenças) o próprio modo de produção do comum.

Do "lado MutGamb/Metarec" copilo a perspectiva de Orlando (dasilva.org):

No primeiro identifiquei alguém que transita, se aprofunda, compõe em gestão organizacional e contemporaneidade. Com certa desenvoltura, diria eu. Mas não tanto em redes. Já o segundo texto é uma missiva para aliadxs e/ou iniciadxs. O terceiro texto me parece a necessidade de quem nem está lá, nem está cá, mas precisa marcar terrritório. Ainda que apenas discursivo, real.

E como mais um ponto para a reflexão, linko a panspermia do Glerm.