Rio+171: As mentiras convenientes

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Ricardo Ruiz convida a todxs para a campanha Rio+171. O número 171 faz alusão ao código penal, sobre estelionato: "obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento". Um exemplo citado é o fato de chefes de estado estarem em hotéis de luxo, enquanto os índios são hospedados no sambódromo e são servidos com refeições estragadas.

A ideia é que as pessoas colem adesivos lambe-lambes, façam intervenções críticas contra o estelionato ambiental, e enviem registros fotográficos para o email riomais171@gmail.com. As imagens serão reunidas e publicadas sob licenças livres.


A Rio+20 não é uma conferência sobre como resolver a crise ambiental; ela é uma conferência sobre como fazer da crise ambiental uma oportunidade de investimentos. Qual é o principal problema hoje? A redução da emissão de gases de efeito estufa. Qual a solução que está na mesa? A criação de um mercado de carbono, que permite a poluidores comprar o direito de continuar poluindo. Ou seja, não se reduz a emissão, mas torna-se a natureza em negócio. Mas a Rio+20 também é mais que isto: ela serve para que quem lucra com a transformação da exploração de recursos naturais em negócio posar de defensor do meio-ambiente. Enquanto fecham os negócios que vão seguir levando o planeta à beira de um colapso, eles estampam seus logos nos “espaços de diálogo empresarial”, nos “fóruns entre o governo e a sociedade civil”, na publicidade espelhada por toda cidade e no transporte público, na própria Cúpula dos Povos. A Vale, a Petrobrás, o BNDES, os bancos, a Aracruz, o governo brasileiro que defende um modelo de desenvolvimento altamente destrutivo como único caminho para a justiça social, e mesmo organizações ambientais que praticam um “ambientalismo de mercado” que serve de fachada para interesses comerciais, como World Wildlife Fund, Nature Conservancy, Conservation International e outras. Como os grandes negócios e acordos acontecem a portas fechadas, não podemos influir neles diretamente. Mas podemos impedir o estelionato ambiental: não vamos deixar que os 171 venham agora se pintar de verdes.