Iuri Martins replicou Isaac Filho e trouxe outras perspectivas sobre os programas de inclusão digital no Ceará.

Vou falar sobre os computadores que foram enviados para a Casa Brasil Granja Portugal em Fortaleza-CE do Centro de Recondicionamento de Computadores do Recife (CRC). Se o texto começar a incomodar, leia os últimos parágrafos primeiro. Não sei se enviaram uma documentação ou se a pessoa que recebeu ela não apareceu lá para mostrar isso na hora em que os computadores precisarem ser utilizados. De qualquer forma a pessoa que foi fazer isso teve que instalar um sistema de servidor novamente pois não sabia as senhas do administrador.

Além de outros problemas provenientes da falta de documentação:

• O pessoal que foi montar os computadores não sabiam usar disquetes de boot, na verdade nem entendiam como funcionava um sistema com boot por rede, o pessoal de "backup" resolveu isso instalando unidades de cd nos computadores com entrada IDE e usando um disco com um GPXE pré-configurado.
• O projeto do Governo do Estado do Ceará (Primeiro Passo) usava uma plataforma web em flash para as aulas (ou seja, o cara que instalou o software infelizmente teve que instalar o Chromium e o plugin flash da adobe proprietário, o que fez cada terminal usar ~500MB de memória que o servidor não tinha - os terminais vinham com 32-64MB, os que tinham suporte a gente aumentou a memória para 128 ou 256MB mas ainda assim não era eficiente para usar flash). O próprio servidor ficou melhor quando conseguiram convencer o cara que tinha o dinheiro reservado para a manutenção daqueles computadores (me disseram que eram R$ 11.000,00) a comprar mais memória. Ele mandou 1 (uma!) Markvision 1GB DDR2. Melhor que nada.
• Agora que o projeto terminou os computadores estão juntando poeira em uma sala fechada, sem abertura nem ventilação (desde dezembro). O pessoal que é responsável por eles está sempre dizendo que vão fazer alguma coisa, por isso os computadores não são aproveitados para outras atividades.

Últimos parágrafos:
1 - Como deu pra notar, o CRC Recife fez um ótimo trabalho, que não foi bem implementado por questões de (falta de) organização no local. É claro que teve outros problemas (veja minhas postagens sobre Casa Brasil, pergunte para a Teia, a Andréa Saraiva) mas PRA MIM nada disso justifica. Quando tudo isso aconteceu já tinha passado a maré do tempo da Teia e da Andréa, e o pessoal que eu descrevi aqui praticamente nem sabe dessas coisas. Quando eu estava lá na Casa Brasil eu dava o sangue pela causa, trabalhava dia e noite, fim de semana, feriado e nenhum "problema" de falta de organização ou estrutura atrapalhava meu trabalho (não, eu não quero uma medalha nem um troféu, estou dizendo isto para exemplificar que muitas reclamações e justificativas são insanas e/ou fruto da falta de vocação - de novo ressalto que não é o caso do pessoal que trabalhava na Casa Brasil antigamente, estou falando de 2011).
2 - A falta de documentação (que acredito que não foi falta do CRC e sim do processo organizado de desorganização local) foi uma das principais causas de atrasos no projeto e a quase não realização do mesmo se não fosse por um detalhe.
3 - Quem fez o projeto com flash também não pensou nem um pouco na estrutura (e na questão do software livre). Totalmente desnecessário, parece que eu to vendo o pessoal da administração contratar programadores de última hora e não explicarem para eles que o hardware era minimalista. Se alguém vai gerenciar esse tipo de coisa tem que ter experiência na área!
4 - Por falar em experiência, o primeiro pessoal que foi avaliar os computadores provavelmente estava acostumado com notebooks com Intel i3 e Windows 7. [Sugestão]: Tinha que imprimir nas caixas que vêm com os servidores do CRC o seguinte link.