Mais do mesmo, ou mais caminhos?

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Saiu na ADITAL um post sobre Fábrica Verde, que "capacita" jovens, de 16 a 29 anos, moradores da Rocinha e do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, a reciclarem lixo eletrônico. O post ilustra a forma como o projeto fomentado pela Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) está fazendo isso:

 

Jovens recebem, durante três meses, formações técnicas para montar computadores. Cada unidade do projeto tem 120 jovens entre 16 e 29 anos de idade que cursam ou já concluíram o ensino médio. Os/as participantes recebem uma ajuda de custo no valor de R$120,00 e os/as melhores estudantes de cada turma ainda têm a chance de se tornarem monitores do projeto. O projeto é importante porque cria uma perspectiva diferente do que os jovens estavam acostumados. Ele funciona em comunidades recém-pacificadas, o que possibilitou a entrada de políticas públicas nessas comunidades. Os jovens antes ligados ao tráfico hoje já têm uma perspectiva diferente, ressalta a superintendente de Território e Cidadania da SEA.

 

O post compartilhado por Marcelo Braz na lista e abriu comentários importantes:

 

Mbraz:

Montei há 15 dias umas conversas pensadas diretamente para o catador que recebe material eletroeletrônico jogado no lixo, ou que vem pela coleta seletiva - no caso das cooperativas de triagem/reciclagem. O mote era mostrar como o material é contaminante e é necessário alguns
cuidados na manipulação e também de como aumentar a renda vendendo o material triado. Eles não aparecem para fazer o curso, mesmo o curso sendo ao lado de onde moram. Ainda investigo as causas. Tem aqui uma política pública de tirar da rua 400 catadores, dando apoio e "oficinas" com uma bolsa de 250 mangos, além daquilo que eles retiram da catação. Foi contatado 240,  40 vieram, sobraram
13. Resumo da ópera, alguns simplesmente não querem sair da rua. Afinal...não é onde são livres??
Foi isso que os finlandeses se espantaram com o choque "da Real", lá se paga 12 reais por cada sacola de tralha que você joga fora, aqui é de graça!! Vai sempre ter um 'pobre' pra fazer esse servicinho sujo pra você, indíviduo. :/

 

Jose Neto:

Já investiguei as causas, eles tem de catar para comer, é uma lógica perversa que só quem ja passou fome um dia entende. Se está quieto sem fazer nada, no caso aprendendo, não tem comida no final do dia, é animalesco. O ser humano quando é privado de suas necessidades minimas fica marcado, como citado na terapia do choque. Se quer ver como é passe uma semana comendo dos restos da sociedade, tente viver do lixo reciclável, são centavos o valor pago pelo quilo de material vendido, é desumano, é degradante, e muito distante de qualquer coisa que possa ser no minimo desagradável. Fiz um laboratório pra perceber como é viver como um catador pra poder entender o que é reciclagem, é um serviço sujo, mal remunerado, dificil, insalubre e que só permanecem pessoas que não tem outra OPÇÃO. Não diria que são livres, apenas que não se iludem mais com OFICINAS, ajudas temporárias. Sabem que estão a margem e lá permanecerão, tem alguns que catam so para ter o que comer, ou pra alimentar seus vícios. Eles são somente o reflexo, e a causa é algo maior, é o sistema em que estão inseridos. Você pode remover aqueles e aparecerão outros para fazer o serviço sujo e desagradável que cabe na sociedade atual aos "marginais". Como te disse ali é a ultima opção, me lembrei do Ilha das Flores.