Gestão Ambiental Colaborativa no Semiárido Nordestino

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Entre os dias 13 a  16 de junho, acontecerá em Sousa (PB) a I Conferência Internacional em Gestão Ambiental Colaborativa Para o Semiárido Nordestino (CIGACS), na Universidade Federal de Campina Grande. A Conferência pretende promover articulações colaborativas e inovação social para atender as demandas locais na estruturação do gerenciamento dos recursos naturais.

O projeto foi construído colaborativamente, por meio de chamadas feitas via rede MetaReciclagem e conta com a participação de Yasodara, Felipe, Mariel, Orlando, eu, Lula e Stella. Além disso, a MetaReciclagem participa do projeto como exemplo de "novas formas de organização em rede". A proposta foi contemplada pelo CPNQ com auxílio financeiro para uma parte do orçamento e conta com outras formas de captação para complementar o orçamento. Fiz algumas perguntas para o Orlando sobre sua perspectiva de como a proposta irá agregar à vida da localidade:

 

A ideia da Conferência nasceu a partir de um edital do CNPQ. Por que você decidiu submeter esse projeto?

Orlando - O histórico dessa ideia é bem legal, principalmente porque foi a rede MetaReciclagem que estimulou desde sempre a coisa de fazer um encontro para diferentes perspectivas conversarem, e aí esse encontro seria carreado por uma aproximação com a ciência "acadêmica". Isso está mais ou menos expresso na vontade de fazer o #EdoR, que começou com umas conversas com o Lula, lá em Recife, onde estou cursando o doutorado. Das conversas e estruturas que fomos imaginando para o #EdoR surgiram diversos nomes e dentre eles o da Yaso, que foi quem sugeriu que o edital do CNPQ poderia se encaixar. Já tínhamos visto o edital do CNPQ e eu até já tinha conversado com o Lula sobre, mas quando a Yaso reapresentou a ideia eu já estava morando no Sertão. Vim lecionar aqui em Sousa na UFCG. Daí, dadas as configurações do contexto local, eu imediatamente pensei que poderíamos convidar algum aliado daqui para encampar a ideia, não para o EdoR, mas para um encontro aqui em Sousa. Mas isso na minha cabeça era algo pra ser feito mais como experiência de submissão. Pra ver a avaliação do CNPQ para o que enviássemos e depois trabalhar em cima disso para uma coisa bem estruturada. O Allan, que foi a pessoal que me acolheu e com quem eu estava estabelecento uma amizade, tinha acabado de terminar o doutorado e estava no pique de querer dialogar com essas instituições de fomento, então comprou a ideia e veio fazer junto. Na verdade não fui eu quem decidi sumeter o projeto, foi uma rede que apoiou uma ideia e na qual o Allan se integrou. É meio que um fork #metarec experimental que tá se formando. É muito, muito, muito trabalhoso e consome demais, mas é bonito de ver.

 

Como você acredita que projetos como esse possam impactar Sousa?

Orlando - Grande impacto, acredito eu. Principalmente se o conferência conseguir envolver de alguma forma as comunidades locais. Uma conferência é algo que prepara bases para políticas públicas, que estabele os padrões desejáveis dentro da ação de um determinado tema. A área de sustentabilidade tem um histórico forte nisso. Agora mesmo vamos ter a Rio +20, tem a Agenda 21, tem iniciativas muito fortes e importantes já estabelecidas que ditam de certa forma o discurso que vemos hoje em diversos setores quando tratam de gestão ambiental. Quando pensamos a conferência fomos ambiciosos, porque queríamos experimentar mesmo, ver até onde um projeto desse poderia ousar, então não falamos só em Sousa, mas estendemos para o Semiárido Nordestino, e isso é um universo ainda bem obscuro na minha cabeça. Só pra você ter ideia, basta se deslocar 50Km de Sousa para alguma das cidades vizinhas e já dá pra perceber diferenças de padrões culturais. Enfim, não existe um Sertão Nordestino, existem inúmeros. Minha cabeça ainda não consegue criar um todo disso. Quanto à realidade de Sousa, eu poderia dar destaque a todos os defeitos que meu olhar viciado, do litoral, das capitais, assimila. Mas quero falar das coisas boas, que é o importante, como diz minha companheira. Pra mim Sousa tem um potencial inimaginado por muitas pessoas. E, ficando no clichê, só o sítio arqueológico do Vale dos Dinossauros já dá para ajudar a construir uma ideia disso. A quantidade de projetos, de possibiliades em economia solidária, coisas dessa natureza que poderiam ser pensados pra cá não tem limites. Eu até cheguei a pensar em submeter algo pra Fundação Mozilla, mas, ficou só na ideia. Só que se bobear, a conferência ajuda até alguém a pensar nisso. Seria interessante a Fundação Mozilla estruturando e apoiando projetos de Digital Literacy ou outras coisas na área de tecnologia em associação com o sítio arqueológico daqui. Outra coisa que Sousa tem de estratégico é a localização no meio desta Zona Franca do Semiárido Nordestino que foi aprovada pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 19/11. Imagine o quanto de conhecimento especializado será necessário para estrutura isto aqui na região. Imagine os impactos do processo. Este é um dos pontos que queremos discutir na conferência.