Bablrr, o aplicativo lúdico :)

Thiago Hersan, nasceu em São Paulo e morou durante 15 anos nos Estados Unidos: "Fiz faculdade e trabalhei como engenheiro de computação na área de desenvolvimento de circuitos integrados. Em 2010, voltei pro Brasil pra visitar minha família e acabei ficando um ano aqui".

No final de 2011 retornou aos EUA, e em junho de 2012 voltou para o Brasil. Atualmente mora em Belo Horizonte, onde trabalha como coordenador técnico do Marginalia+Lab. "Ajudo os residentes a desenvolverem seus projetos artísticos e outras pesquisas".

Thiago está desenvolvendo alguns aplicativos para Android e terminou o primeiro recentemente. Batizado de Bablrr, usa a tecnologia CAPTCHA para que sites, como Google e Facebook, não consigam analisar o conteúdo das mensagens, e assim não consigam "ler" o que as pessoas postaram para relacionar propagandas correlatas.

Em março de 2011, um amigo de Thiago comentava sobre a dificuldade de convencer as pessoas a criptografarem suas comunicações, e "que seria muito difícil implementar algum tipo de criptografia dentro de redes sociais, como Facebook e Twitter. Daí que veio a ideia. Estudamos na escola onde foi desenvolvido o CAPTCHA. O Bablrr é um aplicativo um pouco lúdico. Acho que serve pra mandar mensagens curtas e "enganar" o Facebook (só um pouco). Não é um aplicativo sério de segurança e criptografia. Vejo ele mais como uma forma divertida de criticar um pouco a quantidade e a qualidade da informação que produzimos e são utilizadas pelas grandes empresas da internet". O aplicativo para celular Android, pode ser baixado aqui e o código está disponibilizado aqui.

Comecei ano passado, fazendo uns aplicativos para projetos de publicidade. Coisas simples. O primeiro aplicativo recebia mensagens de SMS e mandava as palavras para serem projetas em uma parede. Também fiz esse projeto com Radamés Ajna, onde um celular Android controla uma escultura cinética. Mas eram coisas simples. Os aplicativos rodavam em celulares "escondidos" e não tinham interação direta das pessoas, só através de sms. Aí esse ano eu comecei a aprender um pouco mais sobre como criar interfaces gráficas pra Android, como fazer o aplicativo se comunicar com Facebook e Twitter, e fiz uma versão do Bablrr bem simples pra uso próprio. Chamava Foil. Tenho uma amiga americana, chamada Ally Reeves, que mora na Índia e trabalha como designer de interfaces para aplicativos. A gente se encontrou por acaso, em abril, e quando ela viu o aplicativo gostou da ideia e ofereceu a ajudar com a parte de design. Na verdade ela re-fez tudo. Criou o logo, o nome, etc. Foi uma colaboração bem legal, apesar do fuso horário... E acho que agora vamos continuar a fazer aplicativos divertidos nas nossas horas vagas.

Como vc enxega a leitura que robôs fazem nas nossas mensagens? Você acha que é um tipo de controle? 

Thiago: Acho ruim. Nem tanto por ser uma forma de controle, não acho que tem gente lendo nossas mensagens. Acho ruim porque estamos sendo vendidos de uma certa forma, e não é todo mundo que percebe. Facebook, Google, Twitter ganham muito dinheiro vendendo informação sobre nosso uso, nossos gostos, etc, pra outras companhias. É difícil de evitar hoje em dia: não tem como não participar. Por isso que é importante entender um pouco as tecnologias e como estão sendo usadas pelas companhias que nos fornecem esses serviços de graça. Ai podemos escolher melhor do que queremos participar. Em 2010, criei 11 perfis no Facebook, todos com meu nome e fotos minha. Mas distribui as senhas e deixava meus amigos usarem os perfis como quisessem. Alguns eram mulher, alguns eram hetero, outros homo. Moravam aqui, nos EUA, na China, gostavam de rock, samba. Esse ano o Facebook percebeu, e desativou todas as contas. Menos uma! Parece que realmente querem saber quem eu sou!

Já recebeu retorno de muita gente, querendo desenvolver, replicar?

Thiago: Ainda não. Lançamos semana passada e acho que a maioria das pessoas que estão usando são amigos. O código está disponível e pode ser baixado por qualquer pessoa. Acho que poderia ser usado em outros projetos.

Alguém do Google ou Facebook já contatou você?

Thiago: Não. Tenho amigos que trabalham nessas empresas, e mandei o aplicativo pra eles, mas acho que eles sabem que não é uma provocação muito séria.

Você também vai atuar no Marginalia+Lab...

Thiago: Visitei o espaço, em 2010, durante um programa de residência chamado Interactivos? Foi uma experiência muito interessante. Eram 8 projetos, e vários colaboradores de áreas distintas pra desenvolver tudo em 2 semanas. Eu fui colaborador em alguns dos projetos e acho que o pessoal aqui gostou de mim. Em março me convidaram para ser o orientador técnico desse ano. Tem sido uma experiência muito legal. Além de ajudar com o desenvolvimento dos projetos de residência, também posso fazer algumas ações próprias e usar o espaço para desenvolver projetos meus, ou colaborar com outros labs de arte e tecnologia. E posso dar aulas de programação. Sempre quis dar um curso de programação chata para pessoas de áreas distintas. Estou tentando manter um blog com mais informações sobre as atividades do núcleo técnico, aqui.