Exercício de Identidade MetaRecicleira

Publicado originalmente aqui.

Como eu tinha avisado aqui, dediquei uma tarde no meio do Fórum de Cultura Digital a brincar de identidades metarecicleiras. Levei a tela de silk (é, aquela de 2006 que ainda tá rendendo), tintas, rodo, uns panos. Descolei umas folhas de flipchart, umas canetas e me instalei ali na tenda Hands On do Fórum. Um monte de gente passou por lá, estampou a própria camiseta, levou bandeirolas. Conversamos sobre laboratórios, metareciclagem, lista, thinner, bebês, comida, futuros. Pasteur Eixo dos Santos aproveitou a audiência para pregar sobre a liberdade e o compartilhamento de felicidade e conhecimento. Distribuímos mais algumas cópias impressas do História/s da/de MetaReciclagem. MetaRecicleirxs (metarecicleiréchs) de toda parte passaram por lá, até quem mora mais longe: a família Puraqué, Régis Bailux e Paty Pataxó, entre outras dezenas.

Eu rabisquei um roteiro para o exercício de identidade. Em resumo: faça sua bandeira, compartilhe suas experiências.

(foto de Daniel Varga)

No meio da tarde, levei a F4bs até o canto onde o Pitanga estava trabalhando com a Makerbot do Garoa Hacker Clube. No dia anterior, eu tinha dado uma carona para ele levar a impressora para a Cinemateca, e perguntado pra ele se era possível dar saída no logo da MetaReciclagem (as famosas três setas criadas por Bernardo Schepop) em 3D. Ele falou que sim, se a gente tivesse o arquivo vetorial. Chamei a F4bs justamente pra ajudar a importar o SVG no Blender e poder transformar no formato que a máquina lê. Por razões que um leigo como eu não faz a menor ideia, o processo demorou algum tempo, mas no fim das contas deu certo. Uma vez enviado o arquivo, em menos de sete minutos tínhamos o primeiro exemplar do logo da MetaReciclagem em 3D.

Eu tinha copiado o arquivo do blender que a galera fez para o meu pendrive, mas ele resolveu se apagar sozinho uns dias depois. Vou pedir pra F4bs compartilhar e depois edito esse post.

No fim, o exercício rolou, daquele jeito que a MetaReciclagem tem insistido em ser - um exercício afetivo que toma a tecnologia por dominada e se concentra no encontro entre pessoas, que é muito mais importante. Na semana prévia ao aniversário do falecimento do @dpadua, esse exercício me fez lembrar da oficina que fiz com ele e a Bia Rinaldi e a Elly Guevara durante o Sinapse Digital, na Poli, alguns anos atrás. Já naquela época, não nos importava mais todo o discurso da migração para o software livre. Ele parecia rumar inexoravelmente para uma vitória, o que nos deixava livres para pensar em outras coisas.

Descolamos uma pilha de revistas e uma grande caixa cheia de papéis, cartolina, cola, tintas, canetas, tesouras, etc. Propusemos que as pessoas usassem aquelas tecnologias ali para expressar o que sentiam. Sim, aquilo era uma oficina de MetaReciclagem. No sentido mais puro possível: apropriação crítica de tecnologias para a transformação social. Se transformou alguma coisa na sociedade não sei, mas eu mudei para sempre.

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Saudades, meu irmão! Espero que tenhas comemorado bem o dia da consciência de todas as cores, onde quer que estejas.

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Atualizando: publiquei o vídeo da impressão 3D das 3 setas: