O Estado da Gambiarra : Conceito dos MicroMetragens de Outono

Texto-conceitual dos MicroMetragens do outono de 2010, por  teia camargo + gera rocha

Assista aos vídeos Toque do Tambor

Assista ao vídeo ENHDDDSOHLDPKM

"The citizen's job is to be rude". John Rauston Saul
 

A estética da gambiarra está em todos lugares. Podemos nos ater às gambiarras do dia a dia, na gambiarra cotidiana daquele que precisa extrair do que tem algo que ele está precisando e não tem dinheiro ou não está a fim de comprar ou não está a fim de pagar por. Gambiarra também sugere Liberdade no agir - liberdade para criar e testar situações / soluções independentemente da duração... a estética para essas soluções não está embalada nas prateleiras, mas está à disposição quando nos propomos a fazer junto (por vários motivos) e na maioria das vezes, porque não há $$ pra se fazer "como deveria"....

e se tivéssemos as condições necessárias, talvez não existisse a Gambiarra.

Mas quanto mais afastamos nosso olhar, mais percebemos que somos tratados e vivemos em meio a gambiarras. Quantas coisas no espaço urbano que vivemos são pura gambiarra?
Pensemos em tudo que funciona, mas nem sempre e mais ou menos. Estamos sempre na confiança na promessa que nos fizeram e nós acreditamos. Quando o assunto é ações do poder público o que é feito além de gambiarras? "Amarra aqui." "Aperta aqui." "Dá só uma garibadinha que funciona."

Mas quanto mais afastamos nosso olhar, mais percebemos que somos tratados e vivemos em meio a gambiarras. Quantas coisas no espaço urbano que vivemos são pura gambiarra? Pensemos em tudo que funciona, mas nem sempre e mais ou menos. Estamos sempre na confiança na promessa que nos fizeram e nós acreditamos. Quando o assunto é ações do poder público o que é feito além de gambiarras? "Amarra aqui." "Aperta aqui." "Dá só uma garibadinha que funciona."

"Costura com essa lei aqui, ó."

A goteira na torneira da pia está pingando menos com essa borracha de câmara de bicicleta que usaram para amarrar. E o jeito que a borracha é amarrada na torneira, deixa a cozinha com ar quase sado-masoquista. Mas a goteira ainda existe, e existe a intenção de consertar a torneira. Legal. Mas não é justo viver em meio a essa imensa gambiarra, que são os serviços e cuidados básicos, e os não básicos também, que a população e a natureza recebem. A estética da gambiarra que o cidadão produz vai além de bela, ela é muito mais rica que isso. Ela é arrojada, dinâmica, sábia - resultado de uma sabedoria, não de uma técnica - e extremamente bem humorada e resolvida consigo mesma. A gambiarra que o Estado produz não é nada disso. Ela é um desrespeito. Ela é uma afronta. E ela não deve ser aceita nem deve ser aceito aquilo do que ela é resultado.

O Estado da Gambiarra !.... propôs situações de descasos que hoje se tornaram "estados fixos", o que era provisório, banal.... confunde-se com normalidade: normal não ter educação, normal não ter conexão, normal não ter .... um estado maior de acomodações. Esses dois âmbitos se fazem presentes no nosso trabalho. Antes de mais nada, por estarmos produzindo de dentro das nossas realidades. Realidades individuais e diferentes, mas que não permitem nos afastarmos do cotidiano para esperarmos pela linda luz da criatividade. Juntamos o que temos, um pedaço aqui, outro aqui, catamos o que mais encontrarmos, na hora que conseguirmos, e com o cuidado e pesquisa que um artesão conserta a torneira dele e percebe que existe uma estrutura política atrasada e desleixada que torna tudo muito mais difícil. Assim somos influenciados. E jogamos de volta essa estrutura para nossa estética e também para o nosso discurso.

A principal referência de vídeo que estamos utilizando no momento são as da nossa memória. Nosso trabalho parte basicamente de lembranças, sejam recentes ou não, dos mais variados tipos. Muita coisa do youtube, provavelmente aquilo que ou todo mundo já viu, ou umas 50.000 pessoas e poucas no mínimo. É importante ressaltar que partimos de ideias independentes às quais agregamos aquilo em que estamos pensando no momento.

Referências das coisas que ainda não vimos também, mas que intuímos... dos roteiros que fazemos e que continuam engavetados.... referência de uma videografia metarecicleira que espalhada pela rede forma um circuíto multicolorido, em meios digitais e conexões analógicas, em situações interdependentes. O avanço tecnológico tornou o vídeo um impulso. Resultando em uma série de experiências que extrapolam a técnica e elevam o vídeo ao senso comum. A fruição do vídeo pode se dar em todos ambientes e a qualquer momento, assim como há muito tempo a leitura funciona. A expansão desse movimento é o que nos influencia. O nosso objetivo/proposta é mexer com os sentidos das pessoas. Não todos ao mesmo tempo.

Porém, seguindo uma ordem que não está previamente determinada, mas que vamos estabelecendo de acordo com o desenrolar da realidade e nosso compromisso trimestral de produzirmos uma experiência múltipla e interativa. Nossa proposta é estabelecer uma ligação entre as novas tecnologias e a participação colaborativa crítica facilitando a apropriação das ferramentas e dos espaços como gatilho para a transformação social.