A proposta para o Núcleo de Micrometragem do Verão 2010 foi batizada como "Embate de Temporalidades" e concebida por Teia Camargo e Gera Rocha. O qrcode da proposta que guarda uma url para ouvir a paisagem sonora que contém uma mensagem em código. A primeira peça de um jogo.
Os relatos da proposta por Gera Rocha:
"Uma das coisas que fizemos foi exatamente trabalhar com vozes.It's cool, it's fun, it's crazy!
O trabalho em vídeo, eu sempre repito isso, é aquele no qual você realiza uma quantidade enorme de operações para que o resultado pareça sempre muito simples de se conseguir. É uma quantidade enorme de layers sobrepostos e sequenciados para que disso resulte uma unidade fluida e continua.
No caso desse MicroMetragem, nem se fala. Esses layers sobrepostos e sequenciados esteve presente em todos os aspectos da produção. A começar pela escolha do canal de mídia que utilizarimos. Os qrcodes e os celulares. Isto é, um transmissor fisico para um receptor vitual. Nossa primeira preocupação foi a parte visual desse transmissor. Foram dezenas (uma centena?) de sites visitados até encontrarmos um que possibilitasse interferirmos no design interno do qrcode.
Pode-se entender isso como capricho, mas sem dúvida é a experimentação sobre a mídia e a linguagem. É inserir a mensagem na mensagem, o código no código. Produzir um qrcode é razoavelmente simples. Encontre um site com um gerador de qrcode, escolha o que vc quer colocar nele - um texto, uma url, - e ele vai sair prontinho. Nossa pesquisa foi além disso: como nos apropriarmos disso, o subvetermos e extrapolarmos suas possibilidades, e como trazer isso a nossa realidade. Como sociabilizarmos essa mídia? Como deselitiza-la? Nisso entrou o segundo ponto de nossa pesquisa: O jogo.
Como transferirmos esse conhecimento e essa pesquisa de forma que ela tornasse-se mais do que uma experimentação na qual os experimentadores enxergam todos os outros como camundongos na busca do seu pedaço de queijo? A função do jogo é agregar participantes, é ampliar o numero de vozes acima de tudo. Por isso aproximar a mídia que escolhemos de espaços no qual a troca e procura de informação e a busca por contato - lan houses e ilhas wireless - foi nossa opção primeira. Já tinhamos nosso nosso emissor, nosso receptor, nosso ambiente-assunto-tabuleiro, faltava nossa narrativa. Foram as vozes ouvidas pela Téia e montadas em forma de roteiro que passaram a ser nosso ponto de partida, e depois de muitas conversas - via irc e gmail, esta foi uma produção totalmente a distância - extremamente construtivas que percebemos com o que estavamos lidando. Foi quando percebemo o Embate de temporalidades. vislumbramos o quanto nosso tempo tecnologico, a conexão a radio de 126 kb, o celular sem cãmera e conexão, a administração pública e seus administradores tapados e preconceituosos nos obrigavam a ponderar o quanto estavamos distantes do que estavamos criando. Esse tornou-se nosso tema para a primeira peça do jogo.
Antes disso, já sabiamos de quem seria a voz que falaria dessa vez e foi de forma extremamente gentil que Vanderlyne concordou em nos ajudar. Foi uma edição cuidadosa, uma ambientação meticulosa ( :) ) e lá estava nossa amiga, sendo convidada a falar através de uma fita K7 em uma cabana no pé de uma montanha, com uma imensa fogueira queimando lenha ao por do sol. Mas ela gostou tanto do jogo que nos fala em código. Mais uma vez, um código dentro de um código dentro de um código. Faltava o meio, digamos assim.
O que gravar no qrcode para que fosse possível ouvir a mensagem. E uma montanha de sites visitados para achar o meio ideal. E quanto mais se cava mais se encontra. A expansão do paradigma do point and click está acontecendo com a mesma velocidade dos carros elétricos nos desertos estado unidenses. EzFlar, D-touch, ArToolKit, são apenas alguns exemplos do que vem acontecendo e vai ainda acontecer nesse ramo. Gravamos uma url no qrcode de uma plataforma de compartilhamento de áudio que possibilita comentários na própria onda sonora. Foi a mais a mão mas também a que vai possibilitar por hora a maior quantidade de participação e agregar novas vozes e integrantes ao jogo da apropriação tecnologica dos qrcodes. E vem mais por aí. Ah, o resultado de tudo isso? Um quadradinho branco cheio de quadradinhos pretos com um cidadãozinho no centro. Mas aponte seu celular pra ele, e clique".