Hudson Augusto tem 35 anos e vive em Sorocaba. A partir de um computador "reciclado" conseguiu realizar o antigo sonhos de seus pais (Marta e Hélio) de ter uma filho formado na faculdade. Teve seu primeiro contato com a Rede anos atrás, quando participou da equipe articulada por Dalton Martins para o projeto MetaReciclagem na cidade. "Descobri que MetaReciclagem não é só computador, e sim ideias, pensamentos, sentimentos".
No dia 09 de dezembro Hudson foi conferir a reinauguração [5] do Núcleo de Gerenciamento de Resíduos Eletroeletrônicos de Sorocaba, e trouxe sua crítica ao formato:
A preocupação "deles" era somente ter a visão de uma linha de desmontagem dos materiais, sem o diálogo dos envolvidos no processo. Dizem que é de interesse público, mas o responsável pelo projetos não é a Secretaria de Meio Ambiente [6], e sim uma secretaria de parcerias com apoio dos empresários. As cooperativas de reciclagem de Sorocaba (Coreso, Catares, Reviver e Ecoeso) viraram verdadeiras empresas, dividiram a cidade e os materiais para reciclagem e cada cooperativa poderá trabalhar somente com um material.
Utilizam esses mecanismos, conforme anunciado na imprensa, com a finalidade de terminar aqui [7]:
Após a realização do Encontro Regional em Votorantim, foram realizadas reuniões entre a Coordenação Regional dos Catadores e o CEADEC para implementar a REDE SOLIDÁRIA. Foi implantada uma logística de transporte para otimizar os recursos disponíveis nas cooperativas e baratear os custos. Em função de sua localização estratégica – próxima a grandes centros como Campinas e à região metropolitana de São Paulo, onde estão instaladas as indústrias recicladoras de materiais, a Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (CORESO) foi transformada em Central de Triagem e Comercialização da REDE, passando a receber e acondicionar o volume de materiais a ser comercializado.
Sendo assim, começei a pensar em algumas perguntas [8]:- Como o cidadão pode influenciar e participar dessa política pública?
- Para onde vão os materiais recolhidos pelas cooperativas?
- Quanto do material arrecadado é reutilizado em projetos de reuso de computadores?
- Os cooperados são capacitados para trabalharem com os materiais?
Infelizmente não consigo responder, pois as cooperativas não disponibilizam as informações.
A exemplo do lixo eletrônico onde o correto seria (no mínimo) [9] seguir as diretrizes da E-waste, mas ao conhecer de perto na inauguração me deparei com bancadas impróprias para esse fim [10]. Os mais prejudicados não somos nós, sorocabanos, pois as cooperativas revendem os materiais para empresas de São Paulo. Assim, transferimos o problema para outro lugar do país (onde?).
O importante seria darmos um fim social e sustentável para esses materiais. Quem sabe algum dia, essas cooperativas não se preocupem somente com o valor monetário dos materiais, mas também com uma cidade educadora que traga debates nos bairros e escolas sobre como diminuir o consumo. Ou seja, combater a causa para não gastarmos dinheiro público no tratamento das consequências do capitalismo em nosso dia-a-dia.