Quero tentar explicitar um pouco a idéia de 'deriva', que é parte central do funcionamento que eu imagino pro mutirão da gambiarra. Na real é uma perspectiva que parte não do zero, mas de um cenário de abundância: a gente tem muita documentação espalhada por aí, nas listas, youtube, flickr, blogues e mais. A idéia do mutirão é manter tudo isso disponível e talvez até espalhado, mas pensar em escalas possíveis de edição coletiva: cada participante do mutirão é um remixador em potencial, e vai aplicar critérios pessoais pra selecionar o que acha relevante desse mar de informação. Só que nesse ato de edição, em vez de a pessoa ir em determinada página do site, editar e excluir informação que outra tinha deixado ali, ela cria uma deriva: uma cópia, um clone, que vai deixar o conteúdo anterior intocado e criar outro node que pode ser mexido à vontade. Aí tem mais dois elementos pra fazer a coisa funcionar: uma relação genealógica entre o node inicial e suas derivas, que é interessante pra poder navegar horizontalmente nas interpretações possíveis pra essas informações; e a possibilidade de qualquer participante do mutirão criar listas de nodes, como playlists, organizada com os critérios que preferir. Com o tempo, a gente muda de uma perspectiva de edição como aquele corte denominador-comum coletivo ou aceito pela relação de poder implícita ou explícita, e começa a entender a edição como remix e ordenação coletivas: todas as playlists estão disponíveis, e cabe a quem lê escolher a perspectiva e o recorte de 1 participante do mutirão pra navegar. Hipoteticamente, vai haver interpretações até opostas para os mesmos pedaços de informação.
Quero tentar explicitar um pouco a idéia de 'deriva', que é parte central do funcionamento que eu imagino pro mutirão da gambiarra. Na real é uma perspectiva que parte não do zero, mas de um cenário de abundância: a gente tem muita documentação espalhada por aí, nas listas, youtube, flickr, blogues e mais. [1]